Lula Miranda: "Querem condenar e prender o Lula!"

Foi essa a frase que ouvi de um popular esses dias. A princípio não dei a devida importância, pois aquela frase, naquele instante, me soou um tanto exagerada e despropositada. Mas os fatos que se seguiram dias depois acionaram em mim o botão de “ALERTA".

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"Querem condenar o Lula!" Por Lula Miranda, na Carta Maior Foi essa a frase que ouvi de um popular esses dias, num misto de lamento e advertência, mas em alto e bom som: “querem prender o Lula”. A princípio não dei a devida importância, pois aquela frase, naquele instante, me soou um tanto exagerada e despropositada. Mas os fatos que se seguiram dias depois e os tantos e reiterados “golpismos” engendrados pela banda mais conservadora das nossas elites acionou em mim o botão de “ALERTA”, e agora compartilho com vocês essa minha justificada preocupação: Querem condenar e prender o Lula! Primeiro, salvo engano já em 2005, tentaram dar um golpe e apear o então presidente Lula da Presidência. Alguns políticos mais esclarecidos [Ciro Gomes e mais uns poucos à frente] fizeram ver aos golpistas de sempre o quão temerário, deletério e injusto ao país seria iniciar um processo daqueles: o impedimento do primeiro operário eleito presidente da República no Brasil. O homem que finalmente conseguira na prática o tão almejado “pacto social”. Já imaginaram o que seria? Pode acreditar: as nossas elites chegaram a cogitar impingir mais essa nódoa na nossa história, já tão manchada por golpes de Estado, ditaduras, escravidão, coronelismo, os 111 chacinados no Carandiru em SP e outras infâmias. Eles, os golpistas, também “imaginaram” o “desacerto” e, naquele momento, desistiram dessa sórdida trama. Em seguida, todos acompanhamos, o governo Lula prosseguiu sendo massacrado diuturnamente por todos os veículos da grande imprensa. E assim foi até encerrar o seu mandato e eleger a sua sucessora. A imprensa que deve, por princípio, exercer livremente o seu dever constitucional de ser um rigoroso vigilante e crítico do mandatário da ocasião, extrapolou e tomou partido. Chegamos ao presente. Recentemente, um semanário de baixíssimo nível editorial, mas que vende cerca de um milhão de exemplares por semana, não lidos por uma classe média conservadora, e que serve ao ardiloso pretexto de pautar os demais veículos desse “famigerado consórcio” da mídia brasileira, tenta, mais uma vez, associar Lula ao suposto “mensalão” [que, como, hipocrisia a parte, sabemos todos há muito, trata-se de atabalhoado e criminoso know-how de financiamento de campanha, via caixa 2, criado por essas mesmas elites conservadoras para alimentar o caixa dos seus partidos e aliados e “vendido” ao PT]. A grande mídia então em seguida, na mais recente vaga golpista, com insidioso oportunismo e metrificado espalhafato fez a sua próxima jogada: providenciou a publicidade gratuita nos grandes jornais de uma suposta ameaça da dita “oposição” de processar o ex-presidente. Pretendiam assim, para depois execrá-lo em praça pública, incluí-lo, sorrateiramente, no rol dos supostos culpados – vale ressalvar que na ação em julgamento no STF Lula nem é citado. Nunca sequer foi acusado, passados 7 anos da denúncia – nem pelo Procurador que instaurou esse processo nem por qualquer dos réus. A dita “oposição” recuou e estrategicamente postergou o seu ataque infame. Mas alguns poucos observadores enxergaram para além das aparências, entretanto, e perceberam/acusaram o golpe. Não pretendo absolver previamente nenhum dos indiciados nesse julgamento que ora se dá no Supremo, nem mesmo aqueles a que poderia reputar algum grau de inocência, tampouco condenar, temo pela sua lisura e justeza, pois pretendem transformar a mais alta corte do país num tribunal de exceção - e de excessos. Querem atirar os bois de piranha ao rio para que a boiada prossiga passando incólume. Reproduzo aqui as palavras do Senador Jorge Viana, proferidas em discurso na tribuna do Senado [os grifos são meus]: “Agora, nós estamos a duas semanas da eleição. E o que é que a gente vê? A velha, preconceituosa elite brasileira se levantando. Não conseguem compreender, aceitar, que a mais Alta Corte de Justiça do País julgue. Não. Querem influir na composição da Corte. Querem decidir o calendário de julgamento da Corte. É isso que o Brasil está vendo. E querem agora conduzir o julgamento da Corte. Isso é um desserviço ao País. “O problema do País, durante muitos séculos, foi sua elite. Não é o seu povo. Isso, os estudiosos da beleza da cultura brasileira já identificaram. Agora, o Presidente Lula foi o que mais trabalhou pelos pobres, pela inclusão social – eu estou falando de dezenas de milhões de brasileiros –, pela geração de empregos, pelo resgate de uma posição de destaque do Brasil diante do mundo, e é, de longe, o mais perseguido Presidente da história do Brasil, por uma parcela da elite brasileira preconceituosa, intolerante com o PT e com o Lula. Não aceitam que o Presidente Lula seja um ótimo ex-presidente. Querem atacá-lo agora como ex-presidente.” Então, parece-me, aquele brasileiro, aqui chamado de “um popular”, com a sabedoria e singeleza de um homem do povo, pode estar com a razão: “querem prender o Lula”; querem condenar o Lula, seu governo e sua herança; querem impedir, em definitivo e mais uma vez [lembro-lhes o golpe de 1964], um projeto de país que “apenas” dá os primeiros e tímidos passos de uma longa caminhada rumo a uma paulatina, lenta e progressiva distribuição mais equânime da renda e da riqueza, e assim, ao menos, minorar a enorme dívida social imposta ao povo brasileiro por essas mesmas elites que agora pretendem [de novo]sabotar a democracia e a esse mesmo povo com métodos escusos e silentes. Mas mais esse golpe nós não vamos permitir. Não dessa vez.