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por Igor Felippe Santos
O agronegócio intensificou a ofensiva contra os movimentos sociais do campo e contra a Reforma Agrária no mês de abril, com o lançamento da campanha “Vamos Tirar o Brasil do Vermelho – Invasão é Crime”, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Como não conseguiram criar escândalos na CPMI contra a Reforma Agrária, no Congresso Nacional, para desmoralizar os movimentos sociais, os latifundiários lançaram mão dos veículos de comunicação de massa para alcançar seus objetivos. Para fazer frente às mobilizações dos trabalhadores Sem Terra, os ruralistas colocaram propaganda na televisão, inserções em telas de aeroportos e nos cinemas e criaram uma página na internet.
A presidente da CNA, Kátia Abreu (DEM-TO), protocolou também no Ministério da Justiça a proposta de um Plano Nacional de Combate às Invasões de Terra, com medidas para a repressão preventiva aos protestos dos trabalhadores rurais.
De um lado, tentam assustar a sociedade e convencê-la a se colocar contra as lutas dos Sem Terra; de outro, propõem medidas legais que institucionalizam a repressão aos movimentos sociais, com pressão sobre o Poder Executivo e Poder Judiciário. Por isso, querem recolher um milhão de assinaturas em abaixo-assinado que solicita a criação de “medidas preventivas para conter os crimes e a violência que caracterizam as invasões de terras, de forma a garantir paz a quem vive e trabalha na zona rural por todo o Brasil”.
Dessa forma, o latifúndio intensifica a sua campanha contra a Reforma Agrária e para consolidar o agronegócio, buscando desmoralizar os movimentos sociais, inviabilizar políticas de fortalecimento dos assentamentos e acabar com os mecanismos legais para a desapropriação de terras e preservação ambiental.
Na campanha, os movimentos sociais do campo são acusados principalmente de violentos e criminosos. Kátia Abreu chegou a comparar os trabalhadores rurais organizados com o tráfico de drogas, com a indústria da pirataria e até com a pedofilia. Um absurdo.
Em relação às políticas para fortalecimento dos assentamentos, os ataques são os de sempre: recursos públicos seriam desviados para a realização de ocupações de terras. Na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) contra a Reforma Agrária, essa acusação vem sendo desmontada, porque as entidades demonstraram o trabalho realizado e o resultado positivo das políticas públicas.
Eleições
Em período eleitoral antecipado, os ruralistas fazem dos ataques aos movimentos sociais do campo, especialmente ao MST, uma plataforma para levantar recursos para a campanha e votos dos setores mais conservadores. Na medida em que avançam com suas propostas, tentam tirar do caminho a atualização dos índices de produtividade, acabar com as políticas públicas e os convênios de entidades sociais com os governos.
No debate político, o agronegócio atua para enquadrar as candidaturas a deputado, senador, governador e presidente da República, impedindo a discussão de medidas que fortaleçam a pequena agricultura e a Reforma Agrária. Também forçam declarações dos candidatos contra as ocupações de terras, para que se transformem em compromissos políticos no futuro.
Até agora, os milhões investidos na campanha da CNA criaram mais fumaça do que efeito político real, mas a sociedade brasileira precisa ficar atenta porque, com o recrudescimento do debate eleitoral, os movimentos sociais do campo seráão usados como bode expiatório para assustar os setores médios e dar coesão política às frações mais conservadoras do país.
Iniciativas da campanha da direita
- Página na Internet: foi criada a uma página com acusações contra os movimentos sociais do campo, principalmente de violência contra funcionários de fazendeiros.
- Inserções na TV: Entrou no ar na televisão um comercial contra as ocupações de terras, com denúncia de supostas violências dos sem-terra.
- Inserções em cinemas
- Propaganda em telas de aeroportos
- Abaixo-assinado em defesa de Plano Nacional de Combate às Invasões
- Foi protocolada no Ministério da Justiça a proposta de criação de um Plano Nacional de Combate às Invasões, que pede “medidas preventivas para conter os crimes e a violência que caracterizam as invasões de terras, de forma a garantir paz a quem vive e trabalha na zona rural por todo o Brasil”. José Serra (PSDB) e o vice-presidente José de Alencar (PRB) assinaram.
Os objetivos do agronegócio
- Desmoralização dos movimentos
- Enfraquecer os protagonistas da luta pela terra, os movimentos sociais do campo, com acusações de violência.
- Mudança na legislação
- Criar um ambiente político favorável a mudanças na legislação no Congresso, que inviabilizem a realização da Reforma Agrária, e destruir o Código Florestal.
- Fim das políticas públicas
- Acabar com os convênios dos governos com entidades sociais para fortalecer os assentamentos, sustentando que a Reforma Agrária não tem resultados positivos.
- Eleição de ruralistas
- Dar projeção aos candidatos do agronegócio em ano eleitoral, para ampliar a bancada ruralista, eleger governadores e o presidente da República.
- Travar o debate político
- Impedir o debate sobre a Reforma Agrária nas eleições e enquadrar todas as candidaturas dentro dos seus interesses econômicos
- Criminalizar ocupações de terras
- Implementar plano de combate às ocupações, convencendo a sociedade de que as ocupações de terras são um crime.