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Em evento anual Apple anunciou novos produtos e, como sempre, com mais marketing do que produto
[caption id="attachment_1180" align="aligncenter" width="300"] Tim Cook, CEO da Apple, apresenta a nova Apple TV. Muito barulho por nada isso sim.[/caption]
Tim Cook, CEO da Apple apresentou a nova versão da Apple TV com uma frase impactante: "nós estamos redefinindo o futuro da televisão". Bom, isso é de se esperar de quem está querendo vender seu produto, mas está longe de ser verdade. Acontece que aqueles que de tem sua origem nas tecnologias de informação não compreendem que a televisão não é apenas um suporte de distribuição, não é apenas uma mídia ou um canal. A televisão é um instrumento social que articula e aglutina os indivíduos em temas gerais e que somente fazem sentido dentro de uma experiência coletiva. Afirmar que o futuro da televisão são os apps, equivale a dizer que o futuro do futebol é apenas um torcedor dentro do estádio.
Mesmo em países onde a banda larga é universal as pessoas ainda consomem TV aberta. O Japão possui uma audiência estimada em 120 milhões de pessoas. Destas 75% possuem banda larga e 63% destas conexões são por fibra ótica e mesmo assim a TV aberta japonesa se mantém relevante no país. Mesmo nos Estados Unidos, onde a TV aberta vem enfrentando diversos desafios contra a telefonia celular móvel, a audiência vem subindo, exatamente pela parceria entre as emissoras de TV, as redes sociais virtuais e... aplicativos. A TV americana passou dos 9% para 17% em 2015 em comparação a outras plataformas.
Mesmo aqui no Brasil, a queda de audiência de algumas emissoras e programas tem sido alardeadas (e comemoradas por alguns) como indicativo de que outras plataformas, como a NetFlix, irão superar a televisão. Esta é uma análise muito rasa do contexto social, político e econômico. 69,1% dos investimentos publicitários em 2014 foram destinados à televisão. 93% da audiência assiste televisão apenas pelo sistema aberto. 98% dos domicílios no Brasil são alcançados pela televisão. Estes dados demostram o quanto a televisão ainda tem de "gordura para queimar" frente a competição pela audiência com as plataformas digitais. Aliás, as redes sociais virtuais estão demonstrando ser mais um aliado do que um concorrente no consumo televisivo. 54% assistem TV e usam a internet ao mesmo tempo. 38% comentam o que estão vendo em seus perfis e 80% afirmam mudar ou ligar a televisão baseado nos comentários de seus amigos.
Isto mostra que a televisão não é apenas consumo de produto audiovisual. A TV ainda é uma experiência coletiva e que é tão importante ver TV, quanto comentar o que se vê. A TV aberta está longe de acabar. Tanto no Brasil quanto no mundo. Como sempre digo, o que irá definir o futuro da TV não é a tecnologia, mas a políticas de comunicação de cada sociedade.