O holocausto é perdoável, mas as lagostas não

Cleber Lourenço: “Para os israelenses da embaixada fica a dúvida: Possuem vergonha de tirar fotos com uma lagosta, mas não têm de tirar fotos com um presidente que afirma que o holocausto é perdoável"

Foto: Reprodução/Twitter
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Antes de começar o texto, acredito ser mais do que justo apresentar o contexto: Antes da final da Copa América entre Brasil e Peru, o presidente Bolsonaro e o embaixador de Israel almoçaram juntos em Brasília. Ambos iriam acompanhar a partida após a refeição, a qual teve como prato principal duas lagostas. Até aí algo inocente, longe dos noticiários, de fato um evento não noticioso se não fosse um gritante ponto... Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo Um prato de comida foi censurado. Bolsonaro e o embaixador de Israel almoçaram lagosta, comida considerada impura pela lei judaica. Daí a embaixada resolveu RABISCAR o prato na foto oficial. Só faltou a sobremesa ser bolo de laranja. Pergunto-me, em tom de preocupação, se nem a lagosta escapou, o que pode e poderá acontecer com notícias, dados e informações negativas do governo federal? Em país com uma escalada de autoritarismo diária, com um ministro da Justiça que, aparentemente, busca transformar a PF em uma Gestapo, o que mais nos é reservado? O presidente já mostrou sua pré-disposição para censura prévia, quando disse que gostaria de inspecionar o Enem, e no episódio envolvendo o a propaganda do Banco do Brasil. Além disso, o governo também já omitiu informações sobre a reforma da previdência. Então, qual o próximo passo? Para os israelenses da embaixada fica a dúvida: Possuem vergonha de tirar fotos com uma lagosta, mas não têm de tirar fotos com um presidente que afirma que o holocausto é perdoável; tira fotos com pessoas fantasiadas de nazistas e que não fez qualquer declaração sobre a homenagem do Exército brasileiro para um oficial nazista, que lutou e foi condecorado pelas forças do eixo no auge da segunda guerra mundial. O embaixador precisa (com urgência) rever seus conceitos de vergonha.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.