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Recente pesquisa Datafolha mostrou que a maioria dos brasileiros é contra privatizações e a redução das leis trabalhistas, propostas defendidas pelo atual governo.
Ao mesmo tempo, a participação do presidente eleito no Fórum Econômico de Davos, Suíça, foi um vexame internacional. Diante de um cenário que exigia interações políticas mais sofisticadas, Bolsonaro revelou sua condição de limítrofe: um curto “discurso” em linguagem quase tatibitate (herança da cultura da obediência infantil na caserna), cuja linha mais forte foi convidar os empresários a vir passar férias no Brasil, “país de belas riquezas naturais...”
Além de fugir de qualquer contato humano que exigisse algum tipo de relação dialógica e expusesse ainda mais suas deficiências cognitivas.
Diante do silêncio nas redes sociais dos próprios apoiadores da ultra-direita (principalmente diante bomba-relógio do caso Queiroz) muitos começaram a se perguntar: então, porque diabos ou como o capitão da reserva foi eleito?
Será porque a facada providencial tirou-o dos debates, livrando Bolsonaro de situações constrangedoras, como a que foi exibida em Davos? Seria porque o discurso populista de ultra-direita despertou o psiquismo fascista do Brasil profundo? Ou, então, a ausência de debates na campanha eleitoral tirou o foco da discussão dos programas de governo para a polarização sobre questões identitárias, culturais e de costumes?
Talvez todos esses fatores sejam explicativos no contexto de uma campanha eleitoral na qual os candidatos favoritos da “Casa Grande” (Alckmin, Meirelles e cia.) naufragaram nas pesquisas. Restando tão somente um militar rústico, ignorante e limítrofe com um histérico discurso anti-PT, líder de um clã do baixo clero que vive de rapinas financeiras. Não tem tu, vai tu mesmo...
[caption id="attachment_165376" align="aligncenter" width="666"] Não tem tu, vai tu mesmo...[/caption]
“Alt-right” e Revolução Industrial 4.0
Mas há um fator que ainda não foi tematizado, relacionado com conexão íntima entre a chamada “direita alternativa” (alt-right populista e nacionalista) e as redes sociais, cujas plataformas tecnológicas fazem parte da chamada Revolução Industrial 4.0 – Inteligência Artificial, algoritmos probabilísticos, mineração de Big Data, ao lado de nanotecnologia, biotecnologia e neurotecnologia.
Uma conexão entre o retrocesso político e cultural paradoxalmente turbinado por um capitalismo hiper-tecnológico.
Em postagens anteriores, este humilde blogueiro vem apontando para a importância do fator da canastrice na política – acostumados com simulacros televisivos e fílmicos, a opinião pública veria nos candidatos canastrões, que emulam personagens ficcionais, políticos verossímeis ou críveis... por lembrarem personagens da ficção. Trump e o reality show televisivo "O Aprendiz" ou Doria Jr. e o meme do “Rei do Camarote”. E as “mitagens” de Bolsonaro, iniciadas como um personagem bizarro de humor em programas como Pânico na TV ("as mitagens do Bolsonabo”) ou no quadro “O Povo Quer Saber” no CQC da Band seriam os exemplos mais atuais.
Mas o fenômeno da canastrice na política ainda está associado às mídias clássicas de massas como Cinema e TV.
Bolsonaro e a alt-right vão além disso: também são produtos das tecnologias de convergência da RI 4.0. Tecnologias que criaram uma cultura de aplicativos assentada sobre a noção dúbia de “inteligência artificial”.
Rebaixamento dos padrões de inteligência
Dúbia, porque, para muitos pesquisadores, a noção de “inteligência” trabalhada pelos cientistas computacionais e designers de softwares e aplicativos pressupõe uma autoabdicação humana: rebaixar os padrões do que entendemos como “inteligência”, enquanto os usuários se tornam simples processadores de informação.
Por exemplo, segundo o engenheiro computacional Jaron Lanier, para acreditarmos que aplicativos e algoritmos são realmente “inteligentes” temos que obrigatoriamente reduzir os nossos padrões de inteligência humana – o exercício diário de tratar máquinas ou aplicativos, como por exemplo Waze ou Google Maps, como formas de inteligência reais. O que resulta num senso de realidade mais flexível.
Isso sem falar nos aplicativos de relacionamentos que reduzem as relações afetivas à probabilidade estatística. Chama-se isso de “inteligência emocional” – a capacidade de adaptação irrefletida em um ambiente como forma de sobrevivência emocional.
Inteligência coletiva, nuvem, algoritmo ou qualquer outro objeto cibernético é aceito como uma super-inteligência por que reduzimos os nossos padrões e expectativas sobre a inteligência. As pessoas se degradariam o tempo todo para fazerem os aplicativos parecerem espertos.
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