Revisitando o 7X1 de Brasil e Alemanha: uma bomba semiótica na guerra híbrida?

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“Massacre de Belo Horizonte”. “Mineiraço”. Ou ainda jocosamente “Mineiratzen” para nomear a inacreditável goleada de 7X1 da Alemanha sobre o Brasil na semifinal da Copa do Mundo no estádio do Mineirão em BH. Em meio a uma pesada atmosfera de radicalização política e ideológica iniciada pelas “jornadas de Junho” de 2013 que deram início a chamada “Primavera Brasileira”, a goleada encaixou-se tão perfeitamente em uma narrativa da mídia corporativa (um país à beira do abismo) e na sinistra cadeia de eventos (a queda do guindaste na Arena Corinthians, o “escândalo Edward Snowden, a queda de uma ponte em BH às vésperas do “mineiraço” etc.) que incendiou a imaginação dos teóricos da conspiração. Revisitado agora, três anos depois, a controversa goleada revela inúmeras “coincidências” e “conveniências” para aquele momento: uma goleada geopolítica, anomalias reveladas em vídeos, a “teratopolitização” tanto da presidenta Dilma como do técnico da Seleção Felipe Scolari e, agora, o coincidente destino de dois jogadores pivôs das “teorias conspiratórias” da época – Thiago Silva e Neymar: os dois no time francês PSG, comprado por empresa de investimentos do Qatar, sede da Copa do Mundo de 2022.

Essa postagem levou três anos para ser redigida. Em 08 de julho de 2014 ocorreu um evento tão peculiar, tão sem precedentes e tão bizarro que o primeiro impulso deste humilde blogueiro foi saltar para o teclado do computador e batucar algumas hipóteses conspiratórias. Hipóteses que quase de imediato começaram a pipocar nos blogs e redes sociais.
Mas o Cinegnose foi contido em função de um enorme problema em todas as “teorias da conspiração”: como estrelas milionárias do futebol brasileiro jogariam fora a chance de serem imortalizados como campeões mundiais, atraindo ainda mais dinheiro e contratos? É até compreensível denúncias de manipulações de resultados em torno de jogadores pobres em campeonatos africanos ou da América Central. Mas não com ricos astros internacionais. 
Porém, o 7x1 da Alemanha sobre o Brasil na partida semifinal da Copa do Mundo foi um resultado absolutamente anômalo: o futebol, por natureza, é um esporte com baixa pontuação (0-0, 1-0, 2-1 etc.), principalmente em jogos decisivos envolvendo forças futebolísticas equivalentes. 
Além disso, até aquele momento no histórico das copas do mundo, a defesa brasileira havia sofrido 89 gols em 97 jogos, uma média de menos de um gol por jogo. E em apenas um jogo, numa semifinal onde tradicionalmente forças equivalentes se enfrentam, a seleção tomou sete gols.
O chamado “massacre de Belo Horizonte” ou “mineiraço”, assim como todos os meses que antecederam desde a Copa das Confederações, foi acompanhado de pesada atmosfera política, iniciada com as “jornadas de Junho” em 2013 – manifestações de rua, polarização política, radicalizações ideológicas e a desestabilização do governo Dilma chegando à ingovernabilidade.

 
Além de uma “Operação Anti-Copa” posta em ação diariamente pela grande mídia (com direito a “barrigas” e “não-notícias” – clique aqui) com o objetivo claro de jogar pedras na vitrine internacional dos governos petistas (Copa e Olimpíadas), além de impedir qualquer clima de vitória e otimismo que facilitasse a reeleição da presidenta Dilma.

Efeito Heisenberg e esquizofrenia midiática

Naquele momento, a avaliação desse Cinegnose para o “massacre de Belo Horizonte” foi de que a Seleção foi vítima de dois fatores extra-esportivos: o chamado “efeito Heisenberg” (a Seleção pautada pelas exigências de cobertura midiática) e a esquizofrenia crônica da grande mídia – sabotar politicamente o evento e, ao mesmo tempo, faturar comercialmente com ele – clique aqui
Porém, três anos depois e colocando a bizarra goleada em perspectiva (principalmente após revelações dos detalhes que diariamente vem à tona de que a “Primavera Brasileira” fez parte de uma elaborada “guerra híbrida” planetária disparada pela geopolítica do Departamento de Estado dos EUA) não há como negar que o episódio foi, no mínimo, sincrônico e pleno de sentido. Alinhado com a sequência de causas e efeitos que era desencadeada com absoluta precisão. 
Até o desfecho, com o impeachment da presidenta em 2016 e a consumação do golpe político jurídico-parlamentar-midiático.
Esta postagem não pretende levantar ainda mais hipóteses “conspiratórias” sobre a improvável goleada da Seleção. 
Porém, vamos tentar demonstrar como semioticamente aquele fatídico jogo foi mais uma peça de dominó que caiu numa sequência sincrônica de eventos. Uma sincronia tão perfeita que é impossível não parar para pensar na “beleza” das coincidências e conveniências.

 

(a) A teratopolítica de Dilma e Felipe Scolari

Coincidentemente, Dilma e Scolari foram alvos da estratégia da teratopolítica – estratégia semiótica da criação de inimigos monstruosos, morfologicamente disformes como monstros ou simulacros humanos.
Assim como Dilma, o técnico da Seleção era figurado como teimoso, velho, ultrapassado – sintoma de um País supostamente atrasado e que não dá certo. Parceiro de um evento que roubaria dinheiro público, corrupto na sua essência, e que tiraria dos brasileiros os serviços básicos de saúde e educação.
Personagens de um Brasil que não dá certo. O “massacre de Belo Horizonte” foi o desfecho lógico de uma guerra semiótica de desmoralização tanto da mídia nacional como internacional.
Em contraste, Alemanha era aquilo que dá certo: planejamento, eficiência, foco... todo o jargão meritocrático. Além do surpreendente uniforme com as cores do Flamengo (a maior torcida brasileira) como estratégia mercadológica para ganhar a simpatia nacional. 
Após o “mineiraço”, prontamente ocorreram nas ruas manifestações de ofensas à presidenta Dilma e onda de assaltos e vandalismos foram registrados em várias cidades brasileiras, como observou a CBS News – clique aquiBandeiras brasileiras eram incendiadas nas ruas de São Paulo, mesmo antes do jogo ter terminado.
A tragédia esportiva caia como uma luva, quase como mais um ato na narrativa dominante da mídia corporativa de figurar um País à beira do abismo político e econômico. 

(b) O vídeo de Brasil X Alemanha

De toda a massa de vídeos analisando o massacre futebolístico, um deles chama a atenção: isola apenas as ações dos jogadores alemães envolvidos nos lances dos gols – 5 X 0 em 18 minutos. Observa-se que os alemães avançam e chutam sem fazer qualquer manobra evasiva, dribles ou esforços nas jogadas que resultaram em gols - veja vídeo abaixo.
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