A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira trouxe excelentes notícias para Lula. Apesar do gigantesco esforço de Bolsonaro, centrão e governadores aliados de secarem os cofres públicos com iniciativas eleitoreiros, o presidente não avançou nenhum ponto.
Bolsonaro tinha 32% em agosto. Continua pontuando os mesmos 32%.
Lula, por sua vez, oscilou dentro da margem de erro, e agora tem 45%.
Ciro Gomes e Simone Tebet experimentaram algum crescimento, de 2 a 3 pontos.
O que chama atenção, porém, é o fato de que Lula agora lidera em todas as regiões do país, incluindo Sul e Centro-Oeste.
Sua maior vantagem é no Nordeste, com 58% dos votos totais, 34 pontos acima de Bolsonaro.
No Sudeste, região com maior eleitorado do país, o petista oscilou para baixo, mas mantém uma vantagem acima da margem de erro, atingindo 41%, seis pontos acima de Bolsonaro, 35%.
Outro ponto que merece destaque é a ampliação da vantagem de Lula entre mulheres, que chegou a 20 pontos. Lula oscilou um ponto para cima entre mulheres e agora tem 48% nesse estrato, enquanto Bolsonaro desceu 1 ponto e tem 28%.
Lula tem 40% na espontânea, contra 29% de Bolsonaro, 4% de Ciro e 2% de Simone Tebet.
Outra boa notícia para Lula é que ele consolidou um "cinturão evangélico" de 32% de votos, contra 48% de Bolsonaro.
Entre eleitores mais pobres, com renda familiar até 2 salários, que representam 52% do eleitorado, segundo o Datafolha, Lula mantém mais que o dobro de votos de Bolsonaro, com 54% dos votos, contra 25% de Bolsonaro. As variações estão dentro da margem de erro.
O Datafolha também liberou os números referentes a pesquisa presidencial em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Lula manteve uma vantagem de 18 pontos sobre Bolsonaro em Minas, com 47% a 29%, e ainda está à frente em São Paulo, acima da margem de erro, com 40% X 35%. No Rio de Janeiro, Lula chegou a 42% das intenções de voto, versus 36% de Bolsonaro.
Essa força de Lula nos três principais colégios eleitorais do país, somado à hegemonia impressionante que mantém no Nordeste, e ao crescimento que vem experimentando no Centro-Oeste e Norte, lhe garantem um resultado favorável no primeiro turno. Mesmo que não leve em primeiro turno, a tendência é que obtenha mais votos que Bolsonaro e chegue à frente.
No segundo turno, houve leve estreitamento da diferença, mas Lula ainda venceria com folga, pontuando 54%, contra 37% de Bolsonaro, 17 pontos de vantagem.
Conclusão
Ao contrário do que a maioria dos analistas tem dito, Lula ficou mais próximo de vencer no primeiro turno, porque o crescimento de Simone Tebet e Ciro Gomes constitui a formação de um estoque de votos anti-Bolsonaro, que tendem a alimentar o voto útil em Lula às vésperas das eleições.
Agora que o Auxílio Brasil foi pago em agosto, Bolsonaro tem poucos cartuchos para queimar. Ele se beneficia da melhora relativa da economia, e da injeção bilionária de recursos na economia, através dos auxílios federais, da liberação do FGTS, além dos gastos crescentes com emendas parlamentares e despesas de governos estaduais, que costumam crescer vertiginosamente às vésperas de eleições.
Mesmo assim, Bolsonaro não cresceu. Agora tem apenas 30 dias para reverter o jogo.
Um importante trunfo de Lula nesse momento é o início da propaganda eleitoral, cujos efeitos sobre a população de baixa renda ainda dee se fazer sentir. O petista é o candidato com o maior tempo de rádio e TV, e isso agora naturalmente fará uma grande diferença.
Os eleitores de Lula e Bolsonaro estão muito decididos a manterem seu voto. No geral, 76% dos eleitores responderam que estão "totalmente" decididos sobre seu voto, contra pouco mais de 20% que disseram que ainda podem mudar.
Os eleitores de Lula estão muito decididos, com 83% afirmando que não mudariam de voto. Os de Bolsonaro, idem, com 84% afirmando categoricamente que não vão mudar de voto
Já entre eleitores de Ciro, apesar de ter aumentado os eleitores decididos a manter seu voto até o fim, quase 60% ainda dizem que podem mudar de voto . Esse voto é que pode garantir uma vitória em primeiro turno, mas ele provavelmente só virá às vésperas das eleições.