TRISTE

O historiador que sucumbiu ao clima de ódio

Fernando Galuppo estava no local em que não deveria estar, fazendo o que não poderia fazer

Choque-Rei terminou com briga.Créditos: Reprodução
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Fiquei surpreso ao ver Fernando Galuppo, historiador do Palmeiras, se envolver em uma briga após o Choque Rei de domingo.

Ficar provocando jogador adversário não é função de historiador. Aliás, ele nem deveria estar ali. Vai fazer história em outro lugar, não no meio do campo. Hoje em dia, os clubes são rigorosos para credenciamento de jornalistas. Só de jornalistas. O resto, pode.

Mas a minha surpresa vem não apenas por ele estar ali, onde não poderia estar, mas dá convivência que tive com ele em 2010.

Nos trabalhamos no Agora. Galuppo era um cara gentil, de voz baixa, tímido. Um bom companheiro nas idas até o Folhão, bar que ficava em frente à redação e que servia boa feijoada.

Galuppo repetia muito a piada do "Centenada" do Corinthians. Nada além.

Depois, saí do Agora e fui para a revista ESPN. Perdi o contato com Galuppo. 

Passei a ver alguns posts e me surpreendi pela agressividade. "Chupa, Bambi". "São inimigos". 'Chupa, gambazada".

Foi um dos impulsionadores do clima de ódio que hoje cerca o Choque Rei. Ódio travestido em drops históricos. Ódio que leva a provocar um jogador que acabou de perder o jogo 

Talvez eu não devesse me surpreender. O Galuppo que conheci em 2010, já tinha o ódio dentro de si. Já tinha aquela coisa de Cruzada, de católicos contra árabes. A Guerra Santa estava incubada.

Quero é distância desse futebol de hoje, com cantos homofóbicos e racistas. Ela, ela, silêncio na favela? Não contem comigo. Vamos matar mais uma ....? Tõ fora desse espetáculo dantesco em que a história a ser contada é a do historiador que fez história ao levar um murro.

Tenho saudades dos domingos em que Pedro Rocha e Ademir da Guia desfilavam elegância. Com rivalidade e sem ódio.

Fernando Galuppo entrou em contato comigo e explicou que, além de historiador, também é jornalista - lógico, trabalhamos juntos - e que estava no campo devidamente credenciado pelo Palmeiras, onde trabalha na assessoria de imprensa.