No início dos anos 70, duas frases eram comuns nas casas de classe média:
1) Silvio Santos vai ganhar o prêmio Nobel de Química; transformou o Domingo em uma merda.
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2) Estava passando em frente do quarto da empregada e vi o Silvio Santos falando tal coisa.
A tal classe média tinha nojo estético de Silvio Santos, que levava para a televisão a cara sofrida do pobre. Tinha nojo, mas que via, via.
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Era contraditório, porque o programa era ruim mesmo. E os patrões gostavam. E não podiam dizer que viam. Seria dizer que não havia tanta diferença entre seu gosto e o das serviçais.
Silvio Santos elevou o status de quem ia ao programa: para os outros eram macacas de auditório, para ele, companheiras de trabalho.
Companheiras humilhadas pelos aviõezinhos, notas de dinheiro jogadas ao léo. Terrível. E o resto era diversão barata: qual é a música, show de calouros, Namoro na tv e outros tantos. E as pegadinhas. O tripé essebetiano pode ser definido por pegadinhas, torta na cara e banheira do Gugu.
Às vezes, surpreendia. O jornalismo da casa era o puxasaquismo institucionalizado, com A Semana do Presidente. Então, ele deu uma virada e por alguns anos fez jornalismo de primeira. Depois, cansou.
Era também um guerrilheiro contra a Globo. Antecipou-se ao BBB e lançou A Casa dos Artistas. E, uma vez, anunciou por semanas que iria passar Rambo. A Globo esticou a novela para atrapalhar. Então, ele colocou no ar, por 50 minutos, a frase: "quando acabar a novela na Globo, começa o Rambo no SBT".
Afastado da televisão, o domingo do SBT tem agora sua filha e Celso Portioli, seu imitador. Eliana, sua cria, foi para a Globo.