Os Jogos estão abertos, após uma festa de abertura que misturou tecnologia e cultura, com momentos bonitos, mas que, em nenhum momento, cumpriu seu intento: envolver a cidade. A ideia de fazer um desfile em barcos pelo Rio Sena não deu certo. Ela elimina o momento tão aguardado de as delegações chegando ao Estádio Olímpico. Parecia mais um city tour dos atletas pela cidade.
A ideia de shows de vários tipos - de música a desfile de modas - pela cidade também não funcionou. Aproveitou muito mais quem estava em frente à televisão. O show de Lady Gaga, por exemplo. Se fosse no estádio, seria visto por uma multidão. Na rua, foi apreciado por poucos.
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Alíás, um país que tem uma cultura riquíssima, com Piaff, Aznavour, Yves Montand e diretores da la nouvelle vague, precisa recorrer a talentos internacionais como Lady Gaga e Celine Dion? E para que os minions, de Meu Malvado Favorito, se Asterix está bem à mão? O internacionalismo apareceu também no final, quando a tocha foi acesa. Zidane a entregou a Rafael Nadal e a passou para Serena Williams, Nadia Comaneci e Carl Lewis. Eles a passaram para Amelie Mauresmo, ex-tenista, que a passou para Tony Parker, ex-jogador de basquete, e mais três atletas paralímpicos. Daí, foi até Marie Jose Perec e Theddy Riner, que acenderam a tocha. Ela subiu em um balão, para o céu de Paris. Nem tanto. Cabos de aço impedem um vôo.
Houve momentos emocionantes, claro. A delegação da Argélia, parte dela, jogou rosas no Sena, uma homenagem aos seus compatriotas que foram vítimas de massacre em 1961, tendo seus corpos jogados ao rio. A política esteve presente também no desfile de Israel, com os atletas recebendo uma proteção especial. O judoca Pat Palchink, porta-bandeira de Israel assinou mísseis que foram jogados sobre a Palestina.
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Artistas vestidos como obras de arte foram até as janelas do Louvre para "ver o desfile", uma forma de dizer que os atletas é que serão estrelas, por 15 dias. E também houve a inauguração de dez estátuas representando mulheres francesas famosas. Uma intervenção urbana, um legado dos Jogos.
Uma curiosidade: um jornalista da TV Globo participou do desfile dentro do barco do Brasil, uniformizado e tudo, como se fosse atleta. É possível ver como será a cobertura, acrítica como sempre.