Marcos Braz ocupa dois cargos importantes: é diretor de futebol do Flamengo e vereador no Rio de Janeiro. Qualquer tufo de grama do Maracanã sabe que uma coisa está ligada à outra. Só foi eleito por estar ligado ao Flamengo e pelos bons resultados do Flamengo em 2019. Todo mundo sabe. Ele também sabe. Mas faz questão de agir como se não soubesse.
Na terça-feira, dia 19, Marcos Braz não viajou com a delegação do Flamengo para Goiânia. Precisava exercer sua função de vereador. Mas estava em um shopping. Foi, então, chamado de otário por um torcedor revoltado com os últimos resultados. Veja bem: os bons resultados servem para eleger, os maus resultados servem para que a figura pública, já eleita, seja contestada. De forma errada, sim, mas compreensível.
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O que não é compreensível é a reação. Marcos Braz e dois seguranças agrediram o torcedor. Mesmo depois de sua queda. Ora, digamos que Marcos Braz estivesse tomado por estresse e isso tenha sido a causa da reação. Mas o estresse, se justifica uma explosão, não justifica a covardia. Três contra um? Não é coisa de um cidadão corajoso.
Ir para a porrada não é, quando se fala de Flamengo, uma atitude isolada de seu dirigente. O lateral Gustavo Varela e o meio campista Gerson brigaram em um treino. O uruguaio Varela levou a pior - bem pior - e precisou ir ao hospital. Pedro, atacante, levou um murro de Pablo Fernández, preparador físico do time. Pedro fez Boletim de Ocorrência e Pablo foi demitido.
As agressões são fruto do mau momento, mas aprofundam o mau momento. Tranquilidade é algo extremamente necessário quando um time busca se reerguer. Não é incomum o clube buscar treinadores de baixo perfil, conciliadores, amigos de todo mundo para comandar uma reação. Podem valer mais do que um grande estrategista. Exemplo? Santos e Marcelo Fernandes.
Não é impossível um grupo de jogadores buscar a reação mesmo estando em um inferno anímico, mesmo estando longe da paz. Mas é mais difícil trabalhar sem harmonia. Neste sentido, Marcos Braz, aquele que mandou o Real Madrid prestar atenção, fez um favor ao São Paulo, que está trabalhando em paz e sossegado para a decisão. Todo são-paulino gostaria de criar uma crise no Famengo. Marcos Braz se antecipou e agiu como um deles.