No dia 30 de março de 1981 a Ditadura Militar já estava em frangalhos e completamente derrotada, mas isso não foi suficiente para que não tentasse um ato para sair das cordas. Um grupo de militares forjou um atentado para culpar a esquerda e poder retomar as rédeas duras do regime.
Duas bombas foram levadas ao complexo do Riocentro num carro esportivo, um Puma GTE. Elas seriam plantadas no pavilhão pelo sargento Guilherme Pereira do Rosário e pelo capitão Wilson Dias Machado. No local acontecia um show comemorativo do dia do trabalhador e haviam milhares de pessoas.
Mas antes que a dupla conseguisse colocar as bombas dentro do Riocentro, uma explodiu no carro, matando o sargento e ferindo gravemente o capitão Machado.
O atentado não ficaria só nisso. Houve uma segunda explosão, que ocorreu a alguns quilômetros de distância, na miniestação elétrica responsável pelo fornecimento de energia do Riocentro.
A ideia era deixar o pavilhão do espetáculo sem luz pra que mais gente morresse na confusão. A bomba, porém, jogada por cima do muro da miniestação, explodiu em seu pátio e a eletricidade não chegou a ser interrompida.
O então Serviço Nacional de Informações (SNI) culpou as organizações de esquerda pelo ataque.
O governo Bolsonaro está praticamente na mesma situação do regime militar em 1981. Nas cordas e com prazo de validade. Se nada vier a mudar significativamente, ele será derrotado por Lula em 2022 e ficará sem imunidade, o que provavelmente lhe tornará réu em vários processos.
Os atos que estão sendo programados para o dia 7 de setembro parecem ter sido escolhidos como o ponto de inflexão pelo bolsonarismo. O momento no qual tentará reestabelecer o comando da agenda política.
Num contexto como este por que um grupo mais radical ou mesmo do centro de comando desses movimentos não pode vir a tentar algo mais espetacular? É uma hipótese absurda? É teoria da conspiração pura?
Há exatos 5 anos o Brasil viu uma presidenta da República honesta ser apeada do poder como se fosse uma bandida. E durante 580 dias um ex-presidente ficou preso com base em acusações ridículas e inócuas.
Isso tudo também fez parte de um conluio. De uma operação menos desastrada do que a do Riocentro, mas que está sendo derrotada pela história.
Será que não há do lado de lá gente pensando em como criar um clima de guerra no país que justifique uma intervenção mais dura?
Pode não acontecer um episódio tão parecido com o do Riocentro, mas o dia 7 de Setembro não está se delineando como um dia qualquer. É preciso ficar muito atento. Organizações progressistas e os governadores têm obrigação de intensificar seus esquemas de segurança para blindar os atos.
Um gabinete de crise precisa ser montado para defender a democracia. O 7 de Setembro de 2021 não se prenuncia como um dia qualquer. E não pode ser tratado apenas como um momento de disputa democrática. O lado de lá não é democrático.