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Lula e o PT estão em situação política muito pior hoje do em 2005. As pesquisas de opinião que estão sendo realizadas por partidos políticos em cidades do Brasil inteiro para balizar posições para o pleito municipal mostram isso de forma quase chocante. O PT se tornou sinônimo de corrupção para boa parte dos brasileiros e Lula não consegue se separar da crise do partido.
Há algum tempo, havia diferença entre a popularidade de Lula e Dilma, hoje, sem contar o Nordeste, os números são muito parecidos. Dilma e Lula estão abaixo do volume morto, como já registrou o ex-presidente.
A situação de boa parte dos prefeitos não é diferente. E mesmo governadores como Geraldo Alckmin, sempre tão blindado, teve uma diminuição bastante grande do seu capital político. A população está identificando a piora na economia e na sua qualidade de vida aos político em geral. Mas, claro, em especial ao PT, Lula e Dilma.
É aí que a porca torce o rabo.
Em 2005, no auge da crise do mensalão, o governo de Lula começava a decolar. O então presidente organizou a Esplanada e deu o seguinte recado: trabalhem nos projetos para entregar tudo que está planejado. E deixem que da política cuido eu.
E agendou dezenas de reuniões com parlamentares, fez festa com prefeitos para anunciar medidas positivas, encontros com governadores, empresários e foi revertendo o clima de pessimismo.
A pauta do mensalão continuou abatendo lideranças petistas, mas os canhões da investigação não se direcionaram a Lula. E quem achava que ele estava morto para a reeleição se surpreendeu com a sua grande recuperação.
Agora, a situação é outra. O governo é um grande muro de lamentações. Não há ministro e assessor de ministro que não reclame dos cortes e da incapacidade de operar sua área. Os principais projetos estão todos amarrados e o efeito Levy começa a ser sentido de forma mais bruta neste início de ano, quando se percebe que vai ser necessário cortar na carne para atravessar 2016.
Os principais projetos sociais do governo, por exemplo, tiveram seus investimentos reduzidos para níveis de 2010, 2011. E a crise econômica internacional parece não dar grandes esperanças de mudança.
No plano municipal, as coisas ainda estão piores. Em 2005, não havia eleição à vista. Agora, os prefeitos vão ter de revalidar seus mandatos ou tentar eleger sucessores daqui a meses. E as prefeituras estão combalidas. Com caixas vazios, sem capacidade de investimentos e muitas com perspectiva de estouro de orçamento. Ou seja, esses prefeitos estão com receio de cometerem crime de responsabilidade fiscal e ficarem inelegíveis.
A crise já afetou o Carnaval. Em muitas cidades, desfiles foram cancelados e o setor público abandonou qualquer tipo de financiamento da festa.
Quem teria de coragem de num clima desses chamar um encontro de prefeitos? Que prefeito vai defender o governo federal numa situação de crise com poucas chances de reversão no curto prazo? E quantos candidatos vão querer colocar foto sua ao lado de Lula e Dilma?
Há chances de recuperação do governo, do PT e de suas principais lideranças? Evidente que sim. Mas engana-se quem acha que o contexto do mensalão pode ser comparado com o de agora. A situação é muito mais delicada e vai atravessar 2016. Só depois da eleição municipal e se a economia de fato iniciar uma recuperação ou estabilização neste segundo semestre, como aposta um importante ministro de Dilma, é que se vai poder olhar o cenário de forma menos turva.
Mas mesmo os mais otimistas petistas graduados hoje já têm claro que a recuperação da imagem do partido e do seu principal líder, se vier a acontecer, será muito mais lenta. E talvez só aconteça depois de um governo da oposição, quando, acreditam, aqueles que hoje criticam o PT e Lula, perceberão quais eram as verdadeiras intenções dos que os atacam.