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Desde sexta-feira que a Globo tem a entrevista da jornalista Renata Lo Prete com o ex-ministro Marcelo Calero. Na conversa divulgada há pouco ele disse que gravou o presidente da República e alguns de seus colegas de ministérios, como Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Geddel Vieira Lima, que caiu na crise.
A Globo segurou a entrevista até há pouco, levando-a ao ar umas 22h, quando a dona Maria que pega dois ônibus para ir trabalhar de empregada doméstica já havia dormido.
E apresentou-a com um cuidado de mãe, oferecendo ao presidente golpista todas as condições de se defender.
Dilma nunca teve 10% das condições de Temer para se explicar sobre o que quer que fosse. Lula, nem se fale.
Temer entrou antes de Calero junto com Renan e Rodrigo Maia para falar do futuro e negar que estivesse por trás da anistia ao caixa 2.
Só depois dessa incensada no assunto que bombou nas redes durante a semana e que desgastou demais o governo, veio Calero.
Sua entrevista foi altamente editada. Não minutei, mas os offs de Lo Prete devem ter tido tanto espaço quanto as falas de Calero.
O ex-ministro deixou claro, sem dizer, que tem o governo nas mãos.
E que gravou desvios de conduta de Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e de mais alguns cargos de confiança de Temer. E que no mínimo tem a gravação de uma conversa da demissão com o presidente.
Calero é diplomata. Sabe como usar as palavras. Ele fez questão de usá-las com muito cuidado para manter a sua chama acesa para próximos confrontos, se achar necessário.
Uma matéria dessas seria assunto para 1h hora de Fantástico.
Para algumas horas dos tão atentos comentaristas da GloboNews.
E seria assunto pra mobilizar toda a tropa de blogueiros à soldo, mas que se dizem independentes.
Mas não vai ter nada disso. Calero vai ter de falar com a BBC se quiser não se tornar o canalha deste episódio.
Anotem para um detalhe, Calero disse que Temer lhe falou que sua posição estava lhe causando "dificuldades operacionais".
Será que dificuldades operacionais quer dizer que Temer não iria mais ter onde ficar quando fosse à Bahia?
Será que dificuldades operacionais teria a ver com o fato de que Temer não gosta de ver Geddel tristinho?
Ou será que dificuldades operacionais é algo igual a oxigênio no linguajar do Sérgio Cabral?
Temer não convenceu, mas a Globo fez o que pode. E Temer fica ainda mais em dívida com a emissora que lhe deu a presidência.