Camargo Corrêa fez acordo de delação premiada ou de delação seletiva?

Ao que parece além de buscar uma saída para as operações do grupo, isolando a crise na empreiteira, há sinais de que haverá seletividade nas denúncias. A Camargo Corrêa não tem obras públicas apenas com o governo federal, mas ao que parece só essas serão alvo de novas denúncias.

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[caption id="attachment_15743" align="alignleft" width="300"]Antônio Cláudio Mariz de Oliveira Antônio Cláudio Mariz de Oliveira: "não é delação, é colaboração"[/caption] Valter Avancini e Eduardo Leite, presidente e vice da Camargo Corrêa, segundo informações de diferentes veículos de comunicação teriam feito acordo de delação premiada com procuradores, policias federais e o juiz Sérgio Moro que atuam na Operação Lava Jato. O que está sendo anunciado é que os executivos além de relatarem como funcionava o esquema de corrupção na Petrobras também vão delatar operações semelhantes no setor elétrico envolvendo empresas públicas e obras federais. O acerto, segundo divulgado, prevê multa de R$ 10 milhões (bastante abaixo do que a empresa já teria aceitado pagar de multa, algo em torno de 500 milhões) e traria à tona novos nomes de funcionários da Petrobras envolvidos no esquema e irregularidades em outras estatais e em obras do setor elétrico, como a Usina de Belo Monte. O advogado de Eduardo Leite, o renomado criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, afirmou ao Brasil 247 que “não é propriamente uma delação premiada. Na verdade é uma colaboração que o meu cliente está dando para as investigações, trazendo fatos até então desconhecidos, baseados em uma documentação por ele fornecida”. A Camargo Corrêa já teria há alguns dias jogado a toalha no que diz respeito à continuidade dos seus negócios no segmento de obras públicas. Como o grupo não depende mais das operações neste segmento para existir, a tese que estaria prevalecendo no Conselho de Administração e entre os sócios majoritários era a de fechar essa parte da empresa e dar continuidade aos outros negócios. O acordo realizado pelos executivos noticiado pela imprensa chama a atenção, porém, para outro detalhe. Ao que parece além de buscar uma saída para as operações do grupo, isolando a crise na empreiteira, há sinais de que haverá seletividade nas denúncias. A Camargo Corrêa não tem obras públicas apenas com o governo federal, mas ao que parece só essas serão alvo de novas denúncias. A pergunta é por que isso? As investigações não deveriam ser amplas, incluindo corrupção em estados e municípios? Ou a Camargo Corrêa e outras empreiteiras agiam com puras nos outros entes federativos e como sujas na relação com o governo federal?