O tempo é o maior desafio do humano. Essa noção de passado, presente, futuro. De que de repente aquilo que era o mais importante se tornou apenas algo a contar. De que de repente o antigo futuro se tornou tão rapidamente passado.
O tempo na sociedade agrária era o das estações. Da mudança do clima. Do melhor momento para plantar a cultura que se adaptaria melhor as condições climáticas futuras. O tempo do relógio é industrial. Das fábricas onde os operários entram em bloco para bater seu cartão de ponto. Dos trens que passam nos minutos marcados. Das viradas de ano pontualmente celebradas em cada canto do mundo.
E de repente o tempo e o espaço se tornam aleatórios. Quase que uma roleta russa. A depender do tempo que a gente se disponha a viajar no tempo.
Fiquei pensando nisso ao ver uma multidão vivendo a infância na minha timeline no Facebook. O dia da criança de repente se tornou uma catarse coletiva de saudosismo. De ir beber no passado das histórias para se ver melhor.
As pessoas estão brincando de passado, mas ao mesmo tempo não parecem estar apenas se divertindo. Estão se buscando. Estão se revirando.
As relações em rede são muito mais complexas do que parecem. Quem imagina que seus laços são apenas duros e frios não entende o que está se passando.
Há muito mais poesia neste emaranhando de nós.
E só para não ficar só nisso, é muito interessante ver no tempo das imagens que se multiplicam em progressão geométrica na timeline as pegadas de um Brasil que ficou. E entre essas tantas coisas, explode um Brasil mais magro. Bem mais magro do que o atual.
Isso também é algo para pensar.
E que a infância não se perca no tempo.