A ex-estudante de Direito, Mayara Petruso, foi condenada à pena de prestação de serviços à comunidade, além de ter recebido multa de R$ 620, por ter veiculado mensagem preconceituosas contra nordestinos no Twitter, após a vitória da presidenta Dilma Rousseff, nas eleições presidenciais de 2010. Ela também foi condenada ao pagamento de uma indenização por danos à sociedade, fixada em R$ 500, dinheiro que será destinado à ONG Safernet, que atua na prevenção de crimes cibernéticos.
Este blogue foi o primeiro veículo jornalístico do país a repercutir as declarações da estudante. No calor do momento, foi publicado um post duro sobre as afirmações de Mayara. Post que tornou-se um recordista de acessos e comentários no blog. Até o momento foram 1.369 comentários.
Quando a Justiça Federal de São Paulo acatou a denúncia do Ministério Público Federal e abriu processo contra Mayara Petruso pelo crime de racismo, escrevi novo post, desta vez evidenciando como este episódio tornara-se um “case” na internet brasileira, mas também expondo a minha posição de que a estudante não deveria sofrer uma punição exemplar. Achava na época, e ainda acho, que ela deve ser tratada no limite do que fez.
Naquele post, sugeri que Mayara fosse punida de forma educativa, por exemplo, aderindo a uma campanha pelo fim do racismo e da xenofobia. Dando seu depoimento arrependido. Inclusive, diante da repercussão do caso, abri as “portas” do blog para conversar com Mayara e me ofereci para buscar solidariedade na internet para que se construísse um acordo, de forma que a estudante seguisse sua vida e, ao mesmo tempo, tirasse o debate sobre o seu ato de uma zona de penumbra.
A sentença da juíza federal Monica Aparecida Bonavina Camargo, da 9ª Vara Federal Criminal de São Paulo, também refutou a ideia de punir exemplarmente Mayara e citou que seu ato também trouxe graves consequências para ela.
“Houve consequências especialmente graves para a própria M., que perdeu seu emprego, abandonou a faculdade, e até hoje tem medo de dizer o nome da empresa na qual trabalha e que lhe abriu as portas, viveu seis meses reclusa em sua casa, com medo de sair à rua, situações extremamente difíceis e graves para uma jovem de sua idade”, afirma a juíza na sentença.
Porém, a assessoria de comunicação da Procuradoria da República no Estado de São Paulo informou em nota que o Ministério Público Federal (MPF) recorrerá da decisão por considerá-la insuficiente.
Continuo com a mesma opinião de que a punição deveria ser educativa. Mayara, até para se livrar do trauma que provavelemente o caso lhe criou, deveria mostrar que se tornou uma pessoa diferente. Seria ótimo para ela e para a causa contro a xenofobia.