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“Diga-me com quem andas e te direi quem és.” Este velho ditado é mais do que o suficiente para revelar o que é o atual MinC.
Ana de Hollanda é a rainha do Ecad, a CBF da cultura. Órgão que multa até quermesse de igreja por "desrespeito" ao direito autoral e está envolto em todos os tipos de acusações e suspeitas de corrupção. Atualmente vive uma CPI no Senado e é investigado pelo Ministério da Justiça.
Ana de Hollanda não é só a rainha do Ecad. É Ecad na veia.
Se você acha que estou exagerando, veja o comentário que a ministra enviou ao blog de Antonio Grassi no dia 18 de janeiro de 2008. Não se apegue ao fato de a ministra da Cultura ter escrito softers ao invés de software. Preste mais atenção a como ela se refere à CBF da cultura.
Oi Grassi,
Essa questão de direitos autorais tem provocado discussões calorosas pelo fato de mexer com altas cifras e propriedade privada, já que a criação artística é um bem inalienável, além de sustento profissional de um contingente enorme de artistas de todas as áreas. Com o surgimento da internet, celulares, com seus provedores, softers, empresas de telefonias e grandes grupos que englobam tudo acima, a criação é o elo mais fraco e fácil de se neutralizar com o irônico discurso de "democratização do acesso". O mundo inteiro está discutindo como se ajustar à novas tecnologias e o Brasil não está fora disso. As diversas associações de músicos e compositores e seu escritório central, o ECAD, participam de congressos internacionais em busca de soluções que permitam o acesso sem deixar de remunerar os criadores.
Lembro que seu conterrâneo, Fernando Brant, além de um dos nossos maiores compositores é uma pessoa esclarecida e, com anos dedicados à luta, poderia ser entrevistado sobre o assunto.
beijos, Ana
Ana também é a rainha do secretário do comércio dos EUA, Gary Locke, que fez questão de visitá-la logo que assumiu o ministério para discutir a questão da propriedade intelectual e o interesse do states nessas questões no Brasil. O que é bom para os EUA é bom para o Brasil, certo? Pois então...
Mas agora Ana se superou. Seus assessores estão há uns quinze dias articulando uma reação ao povo de má-fé (palavras da ministra em audiência na Câmara dos deputados) que a atacam principalmente pela internet. E estão estimulando uma série de pessoas a escrever artigos em defesa da ministra utilizando a tática do bem contra o mal.
Ana de Hollanda é a moça do bem. E o povo de má-fé é a companheirada de olho no butim do MinC. Nada mais primário, mas essa é a estratégia da turma.
Muitas pessoas que os articuladores do "fica Ana" foram procurar se negaram a cumprir tal script. Este blogue recebeu telefonemas de dois desses interlocutores. Um deles me disse, "só faltaram dizer que iriam colocar meu nome de pessoas não gratas no MinC se não me posicionasse". Mas há quem aceite, certo? E não estou dizendo aqui que é o caso de José Neumanne Pinto, jornalista de fama e que no auge de sua carreira foi assessor do banqueiro José Eduardo de Andrade (ex-dono do falido Bamerindus).
Neumanne não faria isso, principalmente na página 2 de O Estado de S. Paulo. Mas de qualquer forma escreveu um artigo hoje com essa linha de argumentos.
E há alguns dias fez comentário no Direto ao Assunto da Rádio Jovem Pan no mesmo tom, onde acusa o ator Sérgio Mambertti de querer derrubar a ministra, Fernanda Torres de ser "empresária que está lutando por seus interesses" e onde ainda chega ao ponte de dizer que Marilena Chaui, que teria plagiado José Guilherme Merquior, só quer o dinheiro do MinC sendo administrado por seus indicados.
Além de jornalista, Neumanne também é homem das letras, um verdadeiro literato. Sua obra-prima é o livro: “O que sei de Lula”.
Com todo o respeito ao autor faltou-me tempo nesta vida atribulada para ler a obra. Mas movido por curiosidade jornalística, assisti a uma entrevista dele sobre o dito cujo no Youtube. E dali saquei as seguintes frases de Neumanne sobre Lula.
O Lula é o retrato do cidadão brasileiro: oportunista, vagabundo inimigo da leitura e da educação…
O Lula instalou a aceitação da corrupção como uma coisa legítima, quase como um programa popular
Lula conseguiu colocar no lugar dele quem ele quis, um poste, (Dilma), que ele pode manipular da maneira dele.
Lula é um dos piores presidentes que o Brasil já teve.
Lula foi o primeiro presidente a não ter oposição nenhuma. O Lula é filho de um canalha, bêbado, autoritário e mulherengo com uma santa. Ele representa a maior parte dos brasileiros que são filhos sem pais.
Como se pode notar pelo palavrório, o livro é de elevado nível. O nível do artigo de hoje no Estadão é semelhante ao do livro contra Lula.
Mas para não ficar só no discurso "anti-companheirada", Neumanne recorre a outro texto do cineasta Cacá Diegues, que usa números tortos produzidos pela assessoria do ministério, para dar um certo lustro ao seu. Como o artigo de Diegues para o jornal O Globo já está sendo respondido ponto por ponto pela professora e diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, Ivana Bentes, na hora certa, tratarei do tema aqui.
A questão que explode deste artigo de Neumanne é de que o atual MinC não está apenas desorientado. Ele é a quinta-coluna do governo Dilma. Suas articulações são todas com aqueles que sempre combateram o PT, Lula, Dilma e a esquerda. É a partir de uma articulação com esses setores mais reacionários da cultura e da sociedade que essa turma da ministra tem tentado mantê-la a qualquer preço no cargo.
Mesmo sabendo que se trata de uma ministra fraca e comprometida com aqueles que não lutam pela cultura como patrimônio nacional, mas como um quintal de poucos.
E mesmo sabendo que Ana se move apenas no sentido de destruir o belo trabalho, que reverberou internacionalmente, conduzido por Gilberto Gil.
Freud explica o que Ana sente por Gil.
O problema é que esse sentimento está tornando o governo Dilma uma catástrofe na área cultural. E está trocando apoios relevantes por apoios como o de Neumanne Pinto.
Se tiver ânimo e quiser assistir ao vídeo onde Neumanne a propósito de falar do seu novo livro, desanca Lula, segue o link.