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Hoje, às 19h, no Sindicato dos Bancários de São Paulo, acontecerá um ato a favor da democracia e da liberdade de expressão.
O evento tem conexão direta com a censura à Revista do Brasil, mas também contra o impedimento do blogue Falha de S. Paulo; a tentativa da vice-procuradora-geral do Ministério Público Eleitoral, Sandra Cureau de intimidar a revista Carta Capital; a demissão da psicanalista Maria Rita Kehl do O Estado de S. Paulo, entre outras arbitrariedades ocorridas nesta eleição.
A questão é que existe um movimento para de um lado impedir que haja contraditório na esfera pública da comunicação. E por outro para banditizar e desacreditar os veículos de comunicação que não fazem parte do clube da velha mídia.
O recente episódio envolvendo o repórter João Peres, da Rede Brasil Atual, e o senador eleito Aloysio Nunes Ferreira, é simbólico deste movimento.
Nunes Ferreira, segundo a versão de João Peres, primeiro lhe acusou de pelego por trabalhar num veículo ligado a sindicato de trabalhadores. Depois, não satisfeito, ofendeu a mãe do repórter.
O senador eleito tem todo o direito de não querer falar com qualquer veículo. Xingar alguém por conta do veículo que ele trabalha, isso ele não pode. É selvageria e inaceitável.
Conversei com João Peres e ele me relatou o episódio. Segundo ele, Nunes Ferreira iniciou a entrevista, mas quando foi alertado por uma assessora (morena, estatura média, cabelo cumprido e que usava óculos) de que o repórter trabalhava para a Revista do Brasil, a história mudou.
“Ele me disse que falaria depois, que não ia da mais entrevista porque minha revista era financiada pelo PT. Tentei argumentar e perguntei se ele não falava com revista financiada por trabalhadores. Ele então disse que não falava com pelegos e começou a andar e me chamar de pelego várias vezes. Neste momento, eu disse: ‘que educação em senador’. Foi quando ele me chamou de pelego filho da puta.”
No tuiter, Nunes Ferreira desmente o episódio e dá a sua versão:
“Revista sindical que faz campanha da Dilma, bancada por dinheiro público, quis me entrevistar na Record e eu recusei. O "jornalista" perguntou se eu não falava com trabalhador. Respondi: falo com trabalhador, com pelego, não falo. O "jornalista" faz o q eu esperava dele: mente quando afirma q o xinguei de fdp. Chamei de pelego, o q é verdade e, para mim, muito pior.”
A resposta de Aloysio Nunes se não confirma o filho da puta, por motivos que me parecem óbvios, comprova sua agressividade em relação a João Peres e à publicação que não faz parte do time das suas queridinhas.
Mais do que o filho da puta, a agressividade e tentativa de calar um segmento da imprensa é o que está em jogo.
Se um político do PT agredisse desta maneira um jornalista da Veja, que é um panfleto do PSDB, provavelmente haveria uma grita em defesa da liberdade de imprensa.
Posso garantir que João Peres é jornalista sério. Duvido que tenha inventado essa história. Antes de ser contratado como repórter da Rede Brasil Atual, fez frilas para a Revista Fórum. É formado pela ECA-USP e já trabalhou na Rádio Jovem Pan e na Band News, onde foi, inclusive, chefe de edição do jornal que é apresentado por Ricardo Boechat.
É inadmissível que pessoas com a responsabilidade política de Aloysio Nunes Ferreira passem a estimular agressões verbais a jornalistas no exercício profissional.
Se a moda pega, nós da outra mídia, que não é agraciada com a compra de pacotes imensos de assinaturas do governo de São Paulo, é que vamos ter que andar de capacete nas coberturas jornalísticas com tucanos presentes.
Para finalizar e explicar o título, alguém que ataca um trabalhador de forma covarde age como um patife. Não é um xingamento. É uma constatação.