Escrito en
BLOGS
el
Continuei esta semana acompanhando as notícias do Carnaval na Vila Madalena, onde moro, e os protestos de moradores incomodados com o barulho, urina no portão, bebedeiras e outros excessos que irritam esses moradores.
Alguns são contra o carnaval porque são, e pronto! Não querem nem saber. Por eles, a festa seria proibida.
Por causa desse tipo de morador, lembrei-me de uma máxima do Barão de Itararé: “Aquele chefe de família era tão austero e tão contrário aos festejos de Momo que, durante o Carnaval, saía de casa com sapatos desatados só para não puxar o cordão”.
Mas alguns moradores não são contra o Carnaval, só que querem menos “bagunça”. A alegria alheia, interpretada por alguns como “bagunça”, também incomoda muita gente. Principalmente quando essa alegria é mostrada com gargalhadas estridentes.
Andei me lembrando de algumas frases sobre isso.
O escritor Menotti Del Picchia disse certa vez: “A alegria dos outros somente é suportável quando a ela podemos somar um pouco da nossa”.
Já o “papa” da nossa literatura, Machado de Assis, pelo jeito, não gostava de se extravasar em público, pois uma vez ele escreveu: “Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular”.
Isso contraria um ditado popular, segundo o qual “as grandes alegrias merecem partilha”.
Além disso, continuando nos ditados populares, a gente tem que aproveitar os momentos de alegria, porque, segundo um desses ditados, “nesta vida, os prazeres são por quilo e os pesares são por arroba”.
Bom, e a bebedeira? Muitos se incomodam com a venda explícita de um veneno a que chamam “vinho químico”, por camelôs que não se incomodam com a idade de quem compra. Aliás, parece que os mais jovens são os compradores preferenciais dessa beberagem que derruba todo mundo. É uma bebida barata. E vi muita gente falando de meninas com menos de 15 anos tomar vinho químico e praticamente cair.
Não posso falar mal da idade delas e dos jovens que já bebem. Comecei mais novo ainda. Mas bebia cachaça, coisa mais saudável. E quando dava, cerveja.
Mas vamos ver o que dizem dos beberrões, os que exageram. Não são ditos dos moradores da Vila Madalena, mas ditados populares e frases de alguns pensadores por aí.
Uma vez me falaram de um amigo: ele bebe só duas qualidades de bebidas: nacionais e estrangeiras.
Entre os ditados populares, cito dois:
Cachaça pode mais do que Deus, porque Deus dá juízo e a cachaça tira.
A natureza criou os prazeres, o homem criou os excessos.
Dos “pensadores”, também cito dois:
Segundo Emílio de Menezes: “Beber é uma necessidade; saber beber, uma ciência; embriagar-se uma infância”
Groucho Marx disse: “Eu bebo para fazer as outras pessoas interessantes”.
Mas o que achei mais revelador – aqui volto à idade em que já bebem alguns – foi o que me disse um menino chamado Tiago, da zona leste de São Paulo, quando tinha 5 anos de idade: “Lá em casa a gente só bebe pinga, mas tem que ser da ruim mesmo. Se for pinga boa, a gente põe limão pra ficar ruim”. Ele estava contando papo, bebia mesmo era guaraná, mas queria se exibir para mim, que bebia cerveja.
Bom voltando ao tema Carnaval, vendo o noticiário geral sobre falta de água e de luz, escândalos federais, estaduais e municipais (não de um estado só nem de um município só, mas de quase todos, acredito) e perspectivas econômicas para o futuro próximo, eu pensei:
O Brasil está mais para país da quarta-feira de cinzas do que do carnaval.
Sobre um burocrata que vi no meio da folia, falei:
Puxa-saco não precisa de Carnaval, joga confete o ano inteiro.