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Tenho visto ultimamente, a pé, nos ônibus e no metrô, muitos jovens carregando instrumentos musicais, e fico otimista, pensando que teremos mais e mais músicos de alta qualidade no futuro,
É gente com violino, violoncelo, violão, flautas diversas, sax, trompete...
Um amigo meio pessimista diz que eles estudam música, mas se quiserem ganhar dinheiro vão ter que esquecer tudo o que aprenderam e bandear pro sertanejo universitário, pagode ou axé.
No meu otimismo, insisto que há bons grupos musicais formados por jovens.
Esse amigo me disse o seguinte:
? Nas praias frequentadas por surfistas, tem uns caras que ficam andando com uma prancha pra lá e pra cá, mas nem entram na água. Usam a prancha pra se passar por surfistas e paquerar as meninas. São chamados de surfistas da areia.
E completou:
? Será que esses caras que carregam instrumentos musicais não estão fazendo a mesma coisa? Podem estar fazendo pose de músicos só pra impressionar as meninas.
Refutei, dizendo que existem também muitas meninas carregando instrumentos musicais. E elas não precisam disso pra impressionar os rapazes.
Mas lembrei-me de um caso que pode dar razão ao meu amigo crítico. Aconteceu há bastante tempo.
Eu trabalhava num escritório no centro da cidade, e um dos meus colegas de trabalho era o Carlos, que morava na zona leste, e gostava muito de música.
Por isso, ele tinha sempre vontade de puxar assunto com um cara que tomava o mesmo ônibus que ele, de manhã, carregando sempre uma caixa de violino. Era do tipo de oclinhos redondos, cara de intelectual, que não se enturmava com o pessoal do ônibus.
Tanto o Carlos como o suposto violinista quase sempre tinham que ficar de pé, no ônibus superlotado. E o Carlos olhava a cara do sujeito que parecia estar nas nuvens, agarrado ao seu violino como se o considerasse uma preciosidade, e tocando mentalmente alguma música.
Um dia, o Carlos chegou bem atrasado ao trabalho, mas rindo sem parar. Perguntei o que era e ele contou:
? Sabe aquele sujeito que eu te contei que vem de ônibus com um violino? Bom... Hoje, o ônibus bateu num caminhão, ele estava de pé, caiu e a caixa do violino abriu. Só que, em vez de violino, o que tinha dentro era uma marmita.