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Amijubi? Dizem que é uma união de parte das palavras amizade e júbilo. Mas você poria esse nome num filho?
E Zuzeco, mistura de azul com ecologia?
E Fuleco, mistura de futebol com ecologia? A palavra lembra mais o adjetivo “fuleiro”.
Que a Fifa e a CBF tenham escolhido o tatu-bola como mascote da Copa de 2014, vá lá. Ele é um bicho inofensivo, não faz mal a ninguém, as pessoas é que fazem mal a ele. Tanto que o coitado está em perigo de extinção.
A sua escolha tem sentido, é um animal que vira bola, portanto tem algo a ver com o futebol, embora mais uma vez como vítima dos homens: bola, no futebol, é para ser chutada.
A Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci) tinha proposto que nosso ídolo, o Saci, fosse o escolhido. Seria legal para estimular o maior conhecimento da nossa cultura popular, da riquíssima mitologia indígena, no caso a tupi-guarani. Mas há algum tempo eu mesmo já vinha pensando que se a Copa for mal organizada e causar vergonha, ou se a seleção brasileira for uma porcaria e não chegar nem às quartas-de-final, tendo o Saci como mascote, uns bobões iriam dizer: “Também, com um mascote como o Saci”.
Iam culpar nosso perneta. E uns mais bobões ainda iriam, com a história de serem “politicamente corretos” (no resto podem ser incorretos em tudo), ficar remoendo que o Saci fuma. Para eles, tudo bem que Baco, romano, fosse homenageado com bacanais; Dionísio, grego, fosse homenageado com festas dionisíacas; que Zeus, o principal mito grego, forçasse a barra para se tornar amante de muitas mulheres e matasse ou mandasse matar os maridos delas. O grande mal é o Saci, porque ele fuma!
Bom, o Saci se livrou dessa. Se formos mal ou promovermos uma Copa bagunçada, a culpa já não será do nosso ícone, nosso mito mais popular.
A escolha que a Fifa e a CBF fizeram até que foi boa. Tem algo a ver com o meio ambiente, uma causa que é de quase todo mundo. O que acho ruim é a forma que fazem as coisas, e a finalidade maior dessas instituições por acaso futebolísticas: ganhar dinheiro, faturar, faturar, faturar...
Decidem tudo às escuras e tomam todas as providências para que ninguém ouse não dar lucro elas. Usou, tem que pagar. O Saci já tem desenhos aos montes por aí, e muitas outras pessoas desenhariam seu próprio Saci. Seria difícil controlar, não?
Mas o tatu-bola só foi anunciado depois de devidamente registrado na caixa registradora, epa!, nos cartórios, como propriedade delas. Não vou ser “do contra”, minha torcida é para que a Copa seja um sucesso, e a seleção seja campeã, jogando bonito.
Voltando à Fifa e à CBF, para dar um toque “democrático”, fazem um concurso para escolher o nome do personagem. E, coitado, que alternativas! Amijubi, Zuzeco ou Fuleco? Olha, dona Fifa... Não, não vou falar.
Antes já nomearam a bola de futebol oficial com o nome de Brazuca, com Z mesmo. Mais uma submissão dos “brasucas” aos gringos. O sufixo “uca” é pejorativo, e nem puseram brasuca com “s”, é com “z”. Será que viramos colônia da Fifa?
Agora, vamos escolher “democraticamente” o nome oficial do tatu-bola da Fifa. Amijubi, Zuzeco ou Fuleco! Que horror!
Lembrei-me agora dum caso que contei num livro, sobre um tatu. Não era tatu-bola, mas vá lá. Na verdade, é sobre um conhecido meu. E repito o causo aqui. Que tal Celsão, para o nome do tatu mascote? Leiam abaixo e pensem se não é merecido.
Celsão é separado da mulher e se mantém irredutível na atual solteirice.
– Mulher é que não me falta – diz ele.
Mas às vezes falta! E naquelas noites de frio, em que um cobertor de orelhas é melhor do que qualquer outro, pode-se ocasionalmente ver o Celsão descer sorrateiramente o Beco da Cadeia, olhar para os lados assegurando-se de que ninguém está vendo (a gente fica de tocaia), bater levemente na janela da ex-mulher, a janela se abrir e ele pular sorrateiramente para dentro.
Uma manhã, flagrado quando saía da casa de sua ex-mulher, explicou:
– Tatu que é esperto não esquece buraco antigo. F
Esta crônica é parte integrante da Fórum 115.