Um bom ministro no STJ

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Tem coisas em que a gente não consegue interferir, mas que podem ter consequências danadas nas nossas vidas. Por exemplo: a eleição de um novo ministro do STJ. Se entrar um direitista babão lá, a gente é que se ferra, se precisar da Justiça algum dia. Meu amigo Virgílio de Mattos mandou mensagem sobre um cara que pode ser o ministro, gente boa. Confio no Virgílio, advogado, professor, integrante do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade. e do Fórum Mineiro de Saúde Mental. Vai que algum leitor desse blogue possa fazer alguma coisa a favor dele... Não custa publicar, né? Veja abaixo a mensagem do Virgílio. Esse semestre tão alvissareiro no conjunto não termina sem uma particularidade especialíssima: termos a oportunidade de poder contar com um ministro, no Superior Tribunal de Justiça, ligado às causas populares, ao direito penal mínimo e garantista, enfim um ministro dos sonhos daqueles que se veem às voltas com o que há de pior nesses estertores do modelo neoliberal por toda parte: o direito penal total. Refiro-me à indicação do Desembargador Herbert Carneiro para o STJ, o que já é uma grande vitória. Ele é dessas pessoas sem arestas, cada vez mais raras no dia de hoje. De formação acadêmica sólida, é graduado, especialista e mestre em direito, foi juiz da Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte e ali nos conhecemos e desenvolvemos uma relação de empatia, respeito intelectual e, por que não, amizade. Ele hoje está desembargador no Tribunal de Justiça do Estado em uma das câmaras mais progressistas e seus votos e posições sempre destacam aquilo que sempre demonstrou ser: um magistrado do seu tempo e preocupado com as questões a ele atinentes. Sabe que ou o juiz julga de acordo com o seu tempo, ou corre o risco de vir a ser julgado por ele. É Vice-Presidente da Associação dos Magistrados Mineiros, presidida por Bruno Terra Dias – meu colega de graduação embora bem mais novo do que eu – e ainda encontra tempo e energia para acumular duas outras importantíssimas Vice-Presidências: a do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça e do Instituto de Ciências Penais. É ainda membro efetivo da CENAPA - Comissão Nacional de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas do Ministério da Justiça, da Comissão de Execução Penal do Conselho Nacional de Justiça e do IBCCrim. Leciona Ciências Penais em nível de pós-graduação e também solidariza seus sólidos conhecimentos e experiência na Escola Judicial Edésio Fernandes do TJMG. Sei que meu apoio não significa muito, mas não posso deixar de dar meu testemunho em pelo menos dois episódios, afastadas as incontáveis audiências na Vara de Execuções Penais em que seu modo de decidir sempre me encantou: o primeiro quando empenhou-se pessoalmente no fechamento das masmorras do 16º DP, da Pampulha, a carceragem feminina que figura no filme SÓ NÃO É O INFERNO POR FALTA DE ESPAÇO; a segunda no seu empenho pessoal em garantir que as presas do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto pudessem prestar o vestibular e frequentar os cursos até hoje. São coisas que não se esquece e nem, muito menos, se agradece. Este texto é apenas uma forma de dizer, caro desembargador – oxalá ministro em breve – que sua indicação já é uma boa nova àqueles que lutam por alguma coisa melhor do que o direito penal, para dizermos com Radbrüch.