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[caption id="attachment_412" align="alignnone" width="300"] Em primeiro plano: Pirambu. Ao fundo: beira-mar. foto: Luisa Cela[/caption]
Segundo pesquisa divulgada há poucos dias, Fortaleza é a Cidade mais violenta do Brasil.
Será mesmo?
A pesquisa é de uma ONG do México, Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal.
Para quem mora na periferia da Capital Alencarina, isso tem lá a sua verdade. Quem habita os Curiós de Fortaleza e sua mortandade sabe dos infernos diários da Cidade.
São décadas, séculos quiçá, de injustiça social, de invisibilidade, de vulnerabilidade, enfim, é uma história que vem sendo contada há muito tempo sem que a Aldeia Aldeota e demais ilhas de prosperidade tivessem conhecimento.
Nas lacunas da presença do Estado, o crime se instala como hospedeiros de uma falso assistencialismo.
Fortaleza pode não ser a mais violenta do Brasil, mas é uma das mais injustas em seus quase trezentos anos.
Em que pesem as políticas que tentam diminuir esse abismo, nossa aldeia ainda tem muito caminho a percorrer até algo perto do ideal.
Fortaleza pode não ser a décima-segunda mais violenta do mundo, mas é uma das mais ingratas com os seus habitantes.
Os gritos apavorados de parte da Cidade só surgiram quando o crime bateu à sua, à nossa, porta. E parecem se multiplicar justamente quando se tenta diminuir tanta desigualdade.
Somos todos vítimas e culpados, em que pese poucos admitirem a culpa por tanta desigualdade. Afinal de contas, o inferno são os outros.
Fortaleza pode não ser assim tão violenta. Mesmo assim, Fortaleza não esconde o seu emblemático cartão-postal.
Sou desta terra que tanto amo e mesmo assim me sinto estrangeiro ao navegar por ela e pular do século XXI à Idade Média em alguns poucos instantes. O necessário desconforto não ecoa em todos nós. Por que será?
Fortaleza pode não ser a mais violenta do Brasil.
Mas não será mesmo?
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