Quero lembrá-los que além da destruição do SUS, o INSS acabou: As empresas de TI como a Dataprev e Serpro (agora no ministério da Fazenda) devem ser fundidas e privatizadas já que o INSS foi para o antigo Ministério do Desenvolvimento Agrário:
"Hoje o INSS se acabou. Passou a pertencer ao Ministério do Desenvolvimento Agrário visando à privatização da Previdência Social cuja parte lucrativa será vendida pelo Ministério da Fazenda às seguradoras internacionais, representadas no Brasil pela Globo. Os pobres (INSS) ficarão com as políticas focais mínimas preconizadas pelo BIRD junto aos muito pobres, agricultores, pescadores e outros não passíveis de venda. Políticas sociais como essa das pessoas com deficiência são de futuro incerto. Entregaremos nosso relatório de validação a tempo e nesse novo contexto - Previdência fatiada para vender seguradoras à classe média no Ministério da Fazenda e o INSS sucateado gerenciando políticas focais para pobres. A Classe média vai amargar e pagar seguros privados para lembrar com amargura do quanto era ruim o INSS e o quanto será desgraçado o futuro privado. Como a Controladoria Geral da União foi extinta hoje por decreto todos poderão roubar em paz. Ninguém vai mais incomodar e os TCUs poderão se dedicar a perseguir professores de universidades federais cujos trabalhos tiverem dificuldade de provar que compraram uma resma de papel." Professor Doutor Heleno- UNB.
E antes da leitura do texto do médico Hêider Pinto, esta manchete aqui explica este ataque sem precedentes ao SUS
O 1º Ministro escalado para destruir o SUS?
Por Hêider Pinto
17/05/2016
Antes do que todas e todos imaginavam, as razões do Golpe já são colocadas sobre a mesa. Um dia depois de indicar que retiraria 10 mil médicos estrangeiros do Mais Médicos até o fim do ano, mas só após as eleições, o Ministro Interino da Saúde vai mais além e diz que é necessário rever o tamanho do SUS porque o Estado não tem condições de suprir o que o cidadão tem direito de receber. Sua inspiração declarada, pasmem, o corte na aposentadoria dos cidadãos gregos.
Ora, o Golpe nada tem a ver com combate a corrupção. Como pode combater a corrupção substituindo uma presidenta que nem sequer era investigada por um presidente interino investigado somado a outros 7 ministros investigados e que em seus primeiros dias de governo interino trataram logo de extinguir a Controladoria Geral da União (CGU) que foi umas das instituições responsáveis por avanços no combate à corrupção nos últimos anos?
A razão do Golpe é colocar nas costas do trabalhador a conta da crise. A alegação é que falta recursos para o Estado. Mas não se pensa em tributar a riqueza que no Brasil ganha recordes mundiais em concentração e desigualdade. A solução mais que depressa é subtrair direitos, a despeito do que diz e garante nossa Constituição.
O que acontece hoje com o SUS é o que virá para todo mais. Hoje é o SUS, ontem foi o Ministério da Cultura e as políticas de democratização da cultura. Amanha é o direto à educação, depois o direito à habitação, ao saneamento, à previdência, os direitos trabalhistas, o direito à terra etc. e quando nos assustarmos não teremos mais Estado para garantir um direito se quer ou tentar ao menos mitigar efeitos da desigualdade. Teremos um Estado que só serve para preservar o patrimônio dos poucos que têm muito e reprimir todos aqueles que insurgem contra ele.
O efeito concreto para as pessoas é o fechamento de serviços de saúde, do Posto de Saúde à Emergência no Hospital, passando pela UPA e Centro de Atenção Psicossocial. O efeito concreto é ir no Posto de Saúde e descobrir que o médico do Mais Médicos teve que ir embora, de volta para seu país, o agente comunitário foi demitido e que não tem remédio mais na farmácia básica, ou ficha para atendimento até o fim do mês e muito menos guia para realização de exame. Afinal o Ministro diz textualmente "quanto mais pessoas com planos de saúde melhor, porque vai ter atendimento patrocinado por ela mesma". Ora, ministro interino, o que o governo golpistas quer, mas ninguém quer é pagar duas vezes, nos imposto e no plano, e não receber nenhuma vez: com o posto sem profissionais, por falta de recursos e o plano abarrotado com dificuldade de autorizar consulta pra daqui a 60 dias.
Mesmo no período de auge do falido, mas ainda vivo, neoliberalismo nos anos de Fernando Henrique Cardoso, tivemos ministros como Adib Jatene que defenderam a Constituição, lutaram pelo direito à saúde e pelo SUS. Muitas vezes teve que entrar em conflito com a equipe econômica. O que vemos agora com o Ministro Interino é algo que nunca se passou: nem mesmo Serra admitiu ou confidenciou que o que se quer é menos SUS, menos direitos, menos serviços. Trata-se do primeiro ministro da saúde escalado para demolir o SUS e o direito à saúde.
Todas e todos temos que nos unir contra esse desmonte das conquistas de nosso povo e país. Usuários, movimentos, entidades, trabalhadores e gestores da saúde e também todos aqueles que defendem as políticas sociais e a Constituição de 88. Denunciar imediatamente o conteúdo do golpe e explicar às pessoas que é isso o golpe: retirar direitos conquistados e, no caso do SUS, fechar serviços de saúde essenciais à vida das pessoas e que para 80% população, são os únicos com os quais elas podem contar.
Nenhum passo atrás. Nenhum direito a menos. Nenhum serviço a menos. Nenhum trabalhador de saúde a menos. Se fechar um serviço ou demitir os profissionais de saúde, que ocupemos democraticamente e pacificamente o serviço. Se acontecer isso em outra comunidade ou cidade, denunciemos o máximo que pudermos e tratemos logo de abraçar aquele mesmo serviço em nossa comunidade para defedê-lo e evitar o mesmo destino.
O paradoxo absurdo que vivemos hoje é que um governo estabelecido após um golpe, um governo que é ilegal e ilegítimo, que não teve um voto se quer e que quer adotar um programa derrotado nas urnas em 4 eleições seguidas, quer agora descumprir a maior lei do país, a Constituição, e não satisfeito, pretende mudá-la. É por isso que temos que explicar às pessoas que o tal Golpe não foi contra Dilma, foi contra ela, foi contra os filhos e parentes dela, foi contra a Constituição, foi contra nossos direitos, foi contra a vida. E hoje amanhecemos com um duro golpe na boca do estômago.. Que reajamos à altura!