Por: Bia Barbosa em seu Facebook Ainda não consegui escrever sobre o circo armado no Salão Verde e no plenário da Câmara em torno da farsa do processo de impeachment. É que a imprensa brasileira realmente não dá descanso...Hoje (18/4) foi a vez do Jornal da Record, que achou "lamentável e de baixo nível" a atitude do deputado Jean Wyllys de cuspir em Bolsonaro durante a votação do golpe. A Record até mencionou que Bolsonaro defendeu um torturador em seu voto, mas parece não ter achado isso lamentável. Brilhante Ustra, homenageado pelo deputado quando este subiu à tribuna para atacar Dilma, é considerado responsável pela morte de pelo menos 50 pessoas no DOI-CODI.
A Record tampouco se indignou com o fato de Bolsonaro ter elogiado, uma vez mais, o golpe militar. Foi o momento mais deplorável e vergonhoso da noite deste domingo. Mas a emissora da Barra Funda parece que não viu muito problema nisso...
A Record tampouco relatou os insultos que Jean sofreu do "colega" parlamentar, que o chamou de "veado", "queima-rosca" e "boiola", entre outras ofensas homofóbicas, quando este saiu da tribuna. Só mostrou Bolsonaro negando as acusações e Jean dizendo que repetiria o ato. Enquanto ouviu o líder do PSC, André Moura, contando as medidas que tomará com Jean Wyllys, a Record "esqueceu" de ouvir o PSOL. Também não lembrou que Bolsonaro, recentemente, ameaçou a deputada Maria do Rosário de estupro.
Como relatou o próprio Jean, este senhor "cospe diariamente nos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Ele cospe diariamente na democracia". Sou testemunha ocular disso em minhas andanças pela Câmara. Mas a Record, que tem uma relação simbiótica (pra dizer o mínimo) com a bancada evangélica - integrada pelo partido de Bolsonaro, que odeia os gays - continua colocando seu jornalismo a serviço de outros interesses.
É isso... o jornalismo morreu. (pra quem quiser conferir, a reportagem-pérola começa no minuto 13'30'' do telejornal):