Relato do jornalista Gilberto Maringoni sobre sua participação na manifestação do MPL

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SP: POLÍCIA PARA QUEM PRECISA

Gilberto Maringoni

13/06/2013

Estive na manifestação agora à noite em SP. Foi a maior de todas. Havia uma preocupação geral entre as mais de dez mil pessoas presentes em seu início, ao redor do Theatro Municipal, às 18h00: queremos baixar as tarifas, queremos paz e vamos evitar provocações.

Elas começaram com a Polícia Militar vindo com o aparato tático já no centro, nas proximidades do Theatro. De cima, o ruído ensurdecedor dos vôos rasos de quatro helicópteros impedia qualquer fala no ato. A saída foi realizar uma passeata pelas imediações. Cerca de cem policiais se embrenharam ostensivamente no meio das pessoas. Pouco depois, por volta de 19h00, a marcha começou a subir a Consolação. Na altura da Caio Prado, chegam dezenas e dezenas de gladiadores da Tropa de Choque. Atrás, vem a cavalaria. Provocação pura. Impossível controlar os provocadores de dentro da marcha. Picham ônibus e ameaçam quebrar seus vidros. São contidos. Mas a primeira pedrada contra a tropa acontece. Merda! Uma saraivada de bombas de gás lacrimogêneo é disparada. Corre-corre, pedidos de calma, ziguezagues. A polícia vacila. Tem muita gente diante de si, sem contar os carros e ônibus da Caio Prado, rua estreita que corta a avenida Consolação. Meia dúzia de provocadores - possivelmente gente da própria polícia na marcha - começa a disparar rojões em direção ao batalhão. Acaba a vacilação da tropa. Estampidos em série. O gás se espalha. Nessa hora, uma coisa se nota: o vinagre é solidário. Jovens - de 20 anos, se tanto - socializam o líquido que, borrifado em blusas e casacos e levado ao nariz, corta no ato os efeitos do gás. O mais é o que se viu nas emissoras de TV agora há pouco: uma selvageria impressionante de um aparato de segurança que conta com o apoio do PSDB, PT e PCdoB (hoje interinamente no comando da cidade). Conversei à tarde com um ex-ministro do governo Lula. Falou meia dúzia de palavrões ao se referir a Fernando Haddad. Diz: "É um alerta. Ele pensa a cidade com a mesma cabeça que o Haddad pensava: megaeventos e uma cidade de negócios e especulação imobiliária. "O que adianta falar em plano diretor se quer trazer para cá essa Expo-2020?", diz. O movimento tem de ganhar uma nova qualidade. Temos de pensar um novo projeto de cidade. PT-PSDB-PM-MÍDIA Todos em linha, com algumas diretrizes inegociáveis: 1. Manisfestantes são vândalos; 2. A circulação na cidade é determinada pela polícia, não há espaço público; 3. Os aumentos nas tarifas são irrevogáveis (no caso de Haddad, seria bom saber que parcela é pagamento de dívidas de campanha); 4. Cidade boa é a cidade de negócios. A prova é mais um megaevento que foram acertar em Paris; 5. O porta voz disso tudo é a grande mídia.

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