Memorial da Resistência no lançamento de 1964 - Um golpe contra o Brasil": nota zero para organização e trato com o público

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Sei que muitos vão desconsiderar este post, entendê-lo como uma reclamação de classe média sofre. Paciência se assim entenderem, considero um relato do desrespeito que sofremos pela desorganização e amadorismo daqueles que não apostam no interesse que suas histórias despertam.

Moro longe do centro da cidade, para chegar até a Luz tenho de pegar ônibus e metrô e ainda caminhar.

Hoje, sábado, 02/03, Alípio Freire lançaria seu doc sobre a Ditadura Militar no Memorial da Resistência, Rua General Osório, próximo ao metrô Luz e depois bateria um papo com o público.

Estou com obras em casa e milagrosamente os pedreiros vieram trabalhar. Mesmo assim, larguei todo mundo aqui, enchi o saco da minha adolescente CDF pra que ela larguesse um pouco as tarefas de sua maledeta escola conteudística de professores malas que reduzem a educação a fazer dezenas de tarefas diárias e milagrosamente ela cede e rumamos para a Luz.

Combinei de me encontrar por lá com o procurador do Estado e  membro do Comitê Paulista Memória Verdade Justiça, Márcio Sotelo Felippe.

Ao chegar no Memorial uma muvuca imensa, encontro Douglas, liderança do movimento negro que sempre está presente nos eventos que costumo ir como os do MST. Douglas levou sua turma de alunos e estava muito bravo. Nem me cumprimentou direito, estava esgotado e muito, mas muito frustrado como seus alunos.

Fico pensando que um professor que dispõe do seu SÁBADO  e consegue reunir sua turma de adolescentes pra assistir a um documentário de 3 horas e meia ele e seus alunos merecem um pouco mais de respeito. Como Douglas é um excelente professor, mesmo bravo com a desorganização ele não fez a turma perder a viagem, organizou todo mundo para uma visita monitorada ao museu.

Fico pensando que a moçada que pediu pra blogosfera divulgar o documentário de Alípio Freire deve entender que a blogosfera  tem alcance e se ela divulga há um público que vai. Encontrei um rapaz que veio de Campinas para ver 1964 - Um golpe contra o Brasil".

Felippe me disse: " Tua filha ficou brava porque você a levou lá e não viu filme nenhum? Eu também! Você me fez ir e eu não vi filme nenhum!

E minha filha que largou as infindáveis lições pra me acompanhar e ver o filme chorou de raiva e frustração diante de funcionários tão sem noção que barravam as pessoas no detector de metais pra que não subissem até a sala de exibição. Teve gente que fingiu que não viu Marcio Sotelo, possivelmente com receio de que ele pedisse pra entrar. Suplicy nem se deu ao trabalho, deu carteirada mesmo, como senador ignorou o detector de metais e subiu.

E nós perdemos 3 horas e passamos muita raiva com tanta desorganização do Memorial. E quem conseguiu entrar teve de esperar pelo menos 1:30 porque segundo me informaram o filme sequer estava lá e não haveria o bate papo prometido com Alípio já que o memorial fecha às 18 horas e o filme só começaria depois das 15.

Queria saber por que tanto amadorismo? Por que não lançaram um documentário desta importância e que desperta tanto interesse em um grande cinema ou no auditório de um sindicato?

A esquerda  não confia no seu taco? Achavam que não teriam público?

Espero imensamente que Alípio Freire vá exibir o documentário onde Douglas Belchior da Uniafro leciona e que se dê ao trabalho de apresentá-lo em outras escolas, certamente minha filha ajudaria a organizar exibição na escola onde estuda.

Enfim, a desorganização, timidez e amadorismo deste lançamento frustrante merece um novo recomeço para que esqueçamos este sábado medonho que enfrentamos.

"1964 - Um golpe contra o Brasil", de Alípio Freire, estréia neste sábado (2/3)

Lançamento acontece no Memorial da Resistência de São Paulo, às 14h

O documentário "1964 - Um golpe contra o Brasil", de Alipio Freire, será lançado no próximo sábado, 2 de março, no Memorial da Resistência de São Paulo (Lgo. General Osório 66, próximo ao Metrô Luz).

Feito a partir de depoimentos de personagens que viveram, como militantes, aquele período, o filme discute as razões que levaram ao golpe civil e militar que derrubou o governo do presidente João Goulart.

Almino Affonso, à época deputado federal e ministro do Trabalho do governo Jango, Rafael Martinelli, dirigente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), a socióloga Maria Victoria Benevides, o médico Reinaldo Murano, o então presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Aldo Arantes, e o coordenador nacional do MST João Pedro Stedile estão entre os personagens ouvidos.

O filme traz ainda uma série de depoimentos e revelações inéditas sobre as tentativas de golpe anteriores de Jânio Quadros, e o papel central dos EUA no golpe civil-militar dado no Brasil. O filme pretende ser um dos primeiros e mais contundentes materiais formativos acerca dos 50 anos do golpe, e deve ter como público fundamental, nas palavras do diretor, "os estudantes, trabalhadores e trabalhadoras mais jovens, para que eles possam conhecer melhor nossa história e formarem a sua própria opinião".

A sessão começará às 14 horas, no auditório do Memorial da Resistência de São Paulo. Após a exibição do documentário será realizado um debate com o diretor.

O filme é uma produção do Núcleo de Preservação da Memória Política e da TVT - Televisão dos Trabalhadores, com apoio do Memorial da Resistência de São Paulo e da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.