Por Rafael Jesus, resposta a uma troca de mensagens num grupo de discussão sobre política em São Paulo:
Ok, é uma coalizão, então enquanto a direita se articula para ocupar de forma desproporcional o governo que a gente elegeu, nós ficamos assistindo calados a vontade das urnas ser agredida? Quando a direita se mobiliza para ocupar espaço é coalizão, quando a gente se mobiliza é fogo amigo?
Não entendo assim.
A secretaria de Habitação, pelo seu orçamento e peso político, não é uma coisa menor. Se até hoje o PT consegue ter uma base forte na periferia é fundamentalmente fruto do acumulo dos trabalhos desta secretaria nos governos Erundiana e Marta, sob a liderança de Ermínia Maricato e Paulo Teixeira, respectivamente, e uma coleção de lideranças comprometidas como o próprio Nabil Bonduki. As políticas de regularização fundiária, produção de habitação, quebra de paradigma com a gestão participativa no canteiro de obra, formação de cidadania e toda política de infraestrutura nessas regiões é a expressão acabada do chamado modo petista de governar, é o que deu forma e força ao partido nesta cidade e contrasta com as experiencias do malufismo em São Paulo, caracterizadas pelo equivocado Cingapura, pelo cheque "de volta para minha terra", sem contar toda política de criminalização da luta por moradia e toda truculência policial nas ações de despejo, etc.
É inadmissível que um governo petista reabilite o PP do Maluf na cidade de São Paulo, entregando de bandeja esta secretaria q é central na gestão da cidade. Se isso acontecer, nada mais vai surpreender por que a linha do inaceitável já vai ter desaparecido e isso é grave.
É muita ilusão achar que o PP só quer o status de secretário e toda política vai ser balizada internamente pelos movimentos sociais e pelos técnicos comprometidos com o plano de governo. Se não tiver um secretario afinado com isso, alguém capaz de formular e articular políticas públicas novas e progressistas, as chances de se avançar nesta pauta é zero, já que o prefeito eleito não é da área e não pode tomar sozinho as decisões do dia a dia.
O próximo período aponta para desafios novos e a urgência de demandas antigas: o plano diretor vai ser rediscutido, o Programa Mananciais deverá ser levado adiante, a política de urbanização de favelas deverá ganhar escala sem correr o risco de perder a qualidade dos projetos, a Nova Luz será revista e toda política de habitação popular no centro, entre outras questões. O risco desta agenda ser engolida pela "política" é grande, nada garante que este Plano de Governo não vire uma peça de ficção, vide o governo Dilma que retrocedeu em várias áreas por conta do acomodamento descabido à lógica da coalizão.
Por fim, honestamente, acho q o saldo do papel do PP nessa vitória do Haddad é NEGATIVO, e eles já ganharam mais espaço em Brasília, deveriam ter o espaço da bancada deles na câmara municipal que é ÍNFIMO, nada a ver com o peso desta secretaria.
Ainda tenho esperanças de não ver sendo nomeado secretario de Habitação em um governo petista em São Paulo, alguém indicado por um partido que tem um histórico tão desastroso nesta área, e que já tem feito tão mal ao Ministério das Cidades.
Vamos pressionar e evitar que isso aconteça!
Rafael Jesus - Escola da Cidade - arquitetura e urbanismo GT Desenvolvimento Urbano
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