Revoltados online, mas no offline votam em políticos estilo Serra

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O Brasil vive dias estranhos, estranhos.

Ao mesmo tempo em que um governo de coloração progressista/desenvolvimentista vai diminuindo a desigualdade, ganhando respeito internacional, ocupando o lugar de verdadeira liderança na América Latina, um cheiro udenista, misturado à alma de Plínio Salgado paira no ar.

Em São Paulo chegamosa o fim da linha, a corda esticou tanto que até a direita escorraça os ícones que ela própria elegeu.

O vídeo abaixo é um exemplo disso. Ele é do dia 30 de setembro quando Kassab mal conseguiu inaugurar as reformas da praça Roosevelt que se tornou o espaço símbolo  de um outro movimento, longe do reacionarismo, um movimento que bem poderia se chamar Respira, São Paulo! 

Prestem atenção no seguinte detalhe: em nenhum momento os 'revoltados' online - que reduzem a política ao moralismo estilo Demóstenes -  foram capazes de associar Kassab ao seu criador e aliado: José Serra. Ao contrário, o narrador associa Kassab a Lula e recita o mantra do 'mensaleiro'. 

Os revoltados online só se revoltam quando segundo eles, Gilberto Kassab, "o bandido doador de Bens Públicos" cede um terreno para a construção do Museu da Cidadania, projeto do instituto Lula. O Instituto FHC também recebeu recursos públicos, da Sabesp, mas não tem nenhum vídeo dos revoltados online denunciando isso.

Também não vi nenhum vídeo dos revoltados online com o que denuncia o livro de Amaury Ribeiro Jr, Privataria tucana, afinal, há material à beça ali para se revoltar com a 'doação de bens públicos'.

Não vi igualmente um único vídeo dos revoltados online preocupados com a quantidade de incêndios em favelas paulistanas e depois com os mesmos terrenos em mãos da especulação imobiliária.

Também não achei manifestação dos revoltados online contra a venda da cidade por Kassab: creches, escolas, bibliotecas públicas em terrenos extremamente valorizados foram 'vendidos' para grandes incorporadoras com o apoio de uma Câmara com maioria do demotucanato que aprovou mais doação de bens públicos pelo 'bandido doador'. 

Esta é a mágica da direita udenista: vota em políticos sem projetos, reacionários, casuísticos, oportunistas e depois quer se livrar da responsabilidade do monstro que legitimou e posar de ética, revoltada com os 'políticos corruptos'.

Quando a política é reduzida a este moralismo (como se não ser corrupto fosse um mérito e não uma obrigação) a sociedade se despolitiza e todos nós pagamos um preço altíssimo ao ponto dos novos Plínios Salgados baterem tambor na orelha do 'bandido doador' eleito por eles. ______________ Publicidade