Reporduzo comentário de Andre Prado deste post aqui, a referência ao 'omo sapiens é criação do @felippe_ramos.
Complexo de vira-lata da velha classe média
Por André Prado
18/01/2012
Quando fiz o curso de Ciências Sociais, li algumas obras de Hegel, filósofo que tentou se aprofundar na analise da servidão, predominantemente em Fenomenologia do Espírito, onde coloca a ideologia como forma de alienação, principalmente quando se refere a internalização do senhor no servo, que faz com que a jaula mental da servidão seja fixada, imprimida na mente do subserviente um estado de inferioridade em relação aquele que ele julga estar acima pelo poder de grandeza, muitas vezes ilusório, se deixando levar pela submissão e manipulação.
Nessa máscara que faz com que mentes se sujeitem a subserviência, existe o sentido de inferioridade cultural que permeia a sociedade brasileira, mas especificamente as velhas classes medias aristocráticas, que nunca conseguiram se ver como sujeitos de uma identidade nacional. Muitos inclusive buscam no exterior, especificamente nos EUA, a suas referencias de cidadania, como se não fizessem parte desse país tupiniquim, que ha décadas desprezam. Se na escravidão existia a opressão, na sociedade moderna existe a sujeição, resignação daqueles que veem o país como um território cheio de imperfeições e que isto seja uma doença do seu próprio DNA, não acreditando na evolução e tão pouco na mudança de direção da perspectiva de uma sociedade capaz de solucionar seus problemas.
A mídia, uma das responsáveis por propagar a ideia de que tudo lá fora é melhor que aqui no Brasil, fez com que a situação de inferioridade de determinadas classes sociais, aquelas que tinham alguma capacidade de consumo e empreendedorismo, se refletisse na busca de sua identidade em outras culturas, dos chamados países desenvolvidos, com inclinações em tendencias de moda, na arte, na organização social e na capacidade produtiva, conferindo a estas, como o modelo ideal da sociedade civilizada.
Quantas vezes já não ouvimos da boca dos próprios brasileiros, turistas que chegavam do exterior, com histórias depreciativas de nossa identidade, rebaixando a nacionalidade de nossa cidadania, como parte de um povo sem "cultura", desorganizado, desprovido de higiene, fazendo de um país estrangeiro seu chiqueiro e desrespeitando a normas como se estivessem no país do carnaval, do oba-oba e futebol.Versões questionáveis reproduzidas por mentes que já tinham em sua visão uma placa virtual de hospedaria da subserviência. Com isto eram incapazes de questionar a veracidade dos fatos, fazendo com que a mentira se tornasse uma verdade absoluta, sobre os brasileiros trabalhadores que tentavam a vida lá fora. Sabe aquela tal história que vai sendo contada no estrangeiro até chegar ao Brasil, passando por milhares de versões desencontradas, desmerecendo a personalidade do brasileiro. Muitas dessas declarações, baseadas em referencias suspeitas, protecionistas e de mentes preconceituosas, divulgadas e propagadas de uma maneira inconsequente por espíritos já inferiorizados. Daí idolatrarem os estrangeiros de uma forma cega, acreditando que eles sejam deuses ou uma super raça. A pergunta que não quer calar, somos iguais aos norte americanos do EUA, de Franceses, Ingleses, espanhóis, portugueses? Evidentemente que não. Cada povo tem sua história peculiar e especifica, de acordo com suas próprias origens e circunstâncias. Será que alguém se perguntou que as condições de desenvolvimento humanos, hoje elevadas desses países, teve um processo construído gradativamente e com um custo social elevadíssimo, que se projetou na história, tendo como base os recursos da divisão internacional e exploração do trabalho, opressão dos países em desenvolvimento e guerras, e que qualquer conquista no mundo capitalista não vem de graça ou cai dos céu.
Será que essa velha classe média, que há muito perdeu sua identidade como brasileiros, nunca perceberam que são meros vira latas adestrados e que só reproduzem as formas de cultura e poder de países estrangeiros, como se fossem marionetes sendo controlados pela capital do dólar e do euro.
Não estou em defesas do nacionalismo, mas de uma mentalidade internacionalizada que perceba os valores em cada terra em que pisas. O Brasil tem seu valor, apesar de seus problemas. Da mesma forma que esses estrangeiros que construíram seus alicerces a duras penas com o suor dos trabalhadores em sua história.
Todo povo tem seus problemas, agora mesmo a Europa está em crise, mas apenas os brasileiros se inferiorizam por acreditarem que somos incorrigíveis e que os corruptos são insuperáveis. Mito dos vencidos que não acreditam nesse país e nem na força desse povo.. Ninguém é eterno, nem mesmos os enganadores. Uma projeção mental que se instalou marcadamente como complexo de inferioridade dos brasileiros de classe media tradicional. O Brasil não tem jeito, dizem os desencantados. A corrupção faz parte do DNA da sociedade brasileira, dizem os simplistas ignorantes que reproduzem, sem saber, as mensagens dos neonazistas que jogam toda a culpa na genética da mistura de raças. Que bobagem!
O Brasil mudou, não se trata de ufanismo simplório da linha de pensamento ditatorial proclamando no grito "Brasil ame-o ou deixe-o". Hoje somos respeitados lá fora, não há necessidade de termos vergonha de mostrarmos o nosso passaporte, muito pelo contrario, estrangeiros estão vindo para cá disputar nosso mercado de trabalho, somos muito bem recebidos nos EUA, não só porque somos meros consumidores,mas porque nos fizemos respeitar pelas mudanças realizadas neste país, demonstrando capacidade e disposição de resolver nossos problemas de maneira democrática, fazendo e refazendo os programas sociais até conquistarmos definitivamente a situação de bem estar social, que tanto almejamos, uma potência, que atualmente, está sendo reconhecido no exterior como um país em franco desenvolvimento, ganhando relevância mundial e provando,para nós mesmos, que ser brasileiro não é apenas Samba, futebol e carnaval. Portanto, velha classe média, respeite sua origem,porque o povo trabalhador é soberano e construiu esse país. André Prado