A credibilidade da blogosfera reconhecida também pelos executivos da comunicação

Escrito en BLOGS el

Em 2010, no 1º blogprog, o jornalista Luis Nassif fez uma fala muito interessante chamando a atenção para o debate que existe na blogosfera progressista, para a troca de conhecimento e para o ativismo digital e identificou esse processo como a criação efetiva de uma sociedade civil no Brasil, mesmo que em nosso país ainda sejamos obrigados a conviver com um monopólio midiático tão intenso.

No 2º blogprog, em 2011, o ex-presidente Lula além de agradecer aos 'blogs sujos' por investigar, denunciar, não ceder ao discurso único da mídia institucional, deu vários recados: ao governo para que ouça a sociedade civil e não tenha medo de dialogar (eu acrescentaria que não finja que dialoga) e à própria blogosfera 'suja' para que os blogueiros e blogueiras sejam responsáveis em suas denúncias.

A blogosfera de esquerda/progressista só tem credibilidade na medida em que é responsável em suas denúncias, se perdemos isso, igualamo-nos aquilo que boa parte desta blogosfera se opõe: um jornalismo que na briga por audiência e pelo seu interesse em manter suas gordas fatias de publicidade pouco se importa com o fato.

Esses oligopólios nem precisam mais agir como partido político, eles têm representantes diretos na Câmara para defender seus interesses e valores retrógados. Muitos políticos têm concessões de rádio e  tv, jornais,  portais.

A blogosfera progressista teve papel importante na eleição da candidata Dilma Rousseff. Milhares de internautas mesmo os que não tinham blogs se envolveram na campanha e usavam os posts desta blogosfera como contraponto da campanha do adversário que teve apoio explícito de toda a grande mídia. Editoriais de jornais como o Estado de São Paulo declararam abertamente seu voto ao candidato José Serra. A Globo e Folha de São Paulo juntamente queriam tornar um fato político uma bolinha de papel atirada na cabeça de José Serra. A Globo contratou um perito de criminalística pra apoiar seu factóide. E foi a blogosfera que fazendo cálculo de trajetória de um objeto precisou sua massa, foi a blogosfera que analisou quadro a quadro os borrões do 'OVNI' do celular do repórter da Folha que a Globo insistia ser um novo objeto quando as cenas do SBT mostraram claramente que era apenas uma bolinha de papel.

A blogosfera progressista tende a ser mais cuidadosa e quando erra é capaz de reconhecer seu erro. Para ela apoiar um governo não a torna incapaz de fazer críticas a ele quando necessário e muito embora a blogosfera militante partidária se veja na obrigação de defender qualquer ação do governo federal e atuar como se fosse a SECOM, não é o caso de jornalistas e outros profissionais que durante a campanha eleitoral assumiram um lado na defesa dos direitos civis, mas que nunca se furtaram de fazer as críticas necessárias.

A campanha eleitoral de 2010 mostrou que a blogosfera e as redes sociais têm um peso político importante e continuarão tendo se mantiverem seu compromisso com os fatos e na defesa de princípios democráticos.

Agora, até mesmo os executivos da Comunicação, que tinham desconfianças em relação a esta blogosfera, perceberam que ela não apenas não pode ser ignorada como tem credibilidade:

“Agora confiam na credibilidade da blogosfera”, afirma presidente de agência

Da Redação do Comunique-se

01/07/2011 Antes vistos com desconfiança pelas agências de comunicação, os blogs conseguiram atingir outro patamar entre os profissionais da área, analisa Jim Joyal, presidente da Shift Communications. Para o executivo da empresa americana, a blogosfera passou a ter credibilidade.

“Muitos líderes de empresas e especialistas em comunicação têm mudado de opinião. Se antigamente acreditavam somente no potencial da imprensa escrita, agora confiam na credibilidade da blogosfera. É uma grande mudança”, avalia Joyal, em entrevista ao blog PR Interview, editado pelo jornalista Rodrigo Capella.

O presidente da Shift também declara que, para acompanhar o resultado de uma campanha, a internet e as ferramentas de mídia social acabam tendo mais importância do que a chamada mídia tradicional (TV, rádio, jornal e revista). "A social media tem permitido aos consumidores a oportunidade de avaliar os serviços que adquiriram e de comentar os produtos que compraram", comenta.

Publicidade