Tive a honra de participar de uma das mesas do primeiro Fórum da Igualdade, ação contra-hegemônica ao Fórum do monopólio das comunicações no Brasil: Fórum da Liberdade (de empresa).
Além de rever amigos queridos da blogosfera (álbum durante o Fórum da Igualdade), pude debater e ouvir diferentes ativistas pela democratização das comunicações no país. Em nossa mesa discutimos a blogosfera e o AI5 digital, eu Marcelo Branco, Marco Aurelio Weissheimer e Eugênio Neves, coordenada pelo Pedro Loss e a Nina, da Marcha das Mulheres.
O Fórum da igualdade foi uma injeção de ânimo em nossa luta, sem meias palavras todos ativistas se recusaram a perder mais tempo com o trololó enfiado goela abaixo de que o marco regulatório das comunicações é censura.
Censura é viver num país que por mais que avancemos em termos econômicos não mudamos um milímetro no monopólio de 7 famílias que domina a comunicação, seja tratando concessões públicas de rádio e tevês como partidos políticos de extrema-direita que criminaliza os movimentos sociais e toda e qualquer bandeira de democratização do país, seja criando factóides que nos tiram energia para lutar pelas principais bandeiras que este país tem pela frente nos próximos quatro anos.
Além do marco regulatório e do marco civil, temos a luta para garantir de fato a universalização da banda larga e não sua massificação controlada pelas teles. As teles, por exemplo, lucraram só em 2009: 180 bilhões.
Fórum da Igualdade: Monopólios de mídia são obstáculo à democracia
11/04/2011
Quintino e Rosane Bertotti reiteram no RS compromisso da CUT com a construção de um novo marco regulatório
Por: Leonardo Severo, de Porto Alegre-RS, do site da CUT
As belas e candentes canções entoadas por Pedro Munhoz, José Martins e Leonardo Ribeiro talvez sejam a melhor síntese do que foi expresso nos debates desta segunda-feira, 11 de abril, em Porto Alegre, durante o I Fórum da Igualdade: Uma outra comunicação é necessária. Com letras e acordes envolventes, os cantores da região sul arrancaram aplausos durante a abertura do evento que acontece no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa gaúcha. Apesar da qualidade, os três são ilustres desconhecidos da grande mídia, que invisibiliza - no caso, ensurdece a população - tudo o que destoa do seu padrão, empobrecendo a diversidade e a rica pluralidade da cultura brasileira, como denunciou a secretária nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, painelista do evento. Uma das músicas, "Amor Verdadeiro" foi composta por Antonio Guerrero, um dos cinco anti-terroristas cubanos que encontram-se presos há mais de 12 anos nos Estados Unidos acusados de atentar contra a soberania do país. Seu único crime, na verdade, foi ter conseguido se infiltrar nas redes de extrema direita sediadas na Flórida e evitar vários ataques mortíferos à pequena e rebelde Ilha. Graças à qualidade da letra e do embalo da música, o leitor só vai conseguir ouvi-la em breve na Rádio CUT, na Brasil Atual ou numa rádio comunitária. É a lei do cifrão. ABRINDO CAMINHO Ao lado do governador Tarso Genro, na mesa de abertura do evento organizado pela CUT-RS e pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), o secretário-geral da CUT, Quintino Severo, reiterou a relevância do Fórum da Igualdade para aglutinar os movimentos sociais numa ação em defesa de um projeto comum de país. "Não há liberdade sem igualdade", frisou Quintino, condenando os setores reacionários que articularam um Fórum da "Liberdade" no Estado para contradizer todo e qualquer avanço social, tentando manipular e manchar - com a ação de propaganda da mídia privada - o significado da palavra. O dirigente cutista, metalúrgico e ex-presidente da CUT-RS, defendeu a importância de uma reforma política para oxigenar o país e também da reforma tributária, para que os impostos sejam cobrados pelo faturamento e não sobre a folha de pagamento, o que estimularia a geração de empregos. Quintino enfatizou que a CUT apresentou ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário a Plataforma da Classe Trabalhadora, pois defende um modelo de desenvolvimento alicerçado no crescimento do mercado interno, na valorização do trabalho e na geração de renda. Abordando o tema da manipulação midiática, Tarso Genro frisou que a reação política da sociedade brasileira tem conseguido dar sentido à democracia e rompido com o "caminho único que infernizou a sociedade mundial, o Consenso de Washington". "Queríamos que desistíssemos de políticas públicas, que se desconstruísse o sistema de proteção de direitos, reservando ao Estado só a função de polícia", denunciou. Hoje, depois da crise do sub-prime, alertou, "querem nos impor uma visão única da crise", a fim de manter o seu controle político, econômico, ideológico e cultural. O governador lembrou que Mailson da Nóbrega, "hoje cultuado por setores da mídia neoliberal" deixou o país com uma inflação de 87% ao mês quando foi ministro. A crítica de Mailson é de que o responsável pela crise foi o Estado e não a especulação financeira, lembrou. Tarso defendeu que "a soberania deve ser elemento fundante do conceito de nação" e resgatou o papel da cidadania, expressa no Fórum da Igualdade, para lutar "contra a visão senil, ajoelhada diante da globalização". Entre outras lideranças participaram da mesa de abertura o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Adão Vilaverde; a presidenta da Câmara de Porto Alegre, vereadora Sofia Cavedon; a líder da bancada gaúcha na Câmara Federal, deputada Manuela Dávila, o reitor da UERGS, professor Fernando Guaragna Martins e a representante da Via Campesina, Eliane de Moura Martins. No painel Democratização dos Meios de Comunicação e o Marco Regulatório, Rosane Bertotti participou da desconstrução dos padrões de manipulação adotados pelas grandes redes de rádio, jornal e televisão, ao lado do professor Venício Lima, do jornalista Leandro Fortes e do coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Celso Schröder. Rosane lembrou da ampla articulação que redundou na vitoriosa realização da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e conclamou a todos a se manterem unidos e mobilizados para tirar do papel as suas deliberações. "Este é o momento de estruturar e consolidar instrumentos de regulação, que o grande empresariado do setor tenta associar a censura. O que nós queremos é liberdade e igualdade. Assim como a Lei Maria da Penha existe como instrumento público para garantir a justiça entre iguais, impedindo a liberdade do mais forte, que seria a lei da selva, queremos uma lei para disciplinar os meios de comunicação. Não podemos continuar permitindo a banalização da violência, a deformação de crianças e adolescentes com a exposição a uma programação em hora imprópria, por exemplo. Precisamos agir rápido para que a democracia seja uma realidade para todos e não para alguns que se apropriaram de concessões públicas e acham que são donos de rádios e televisões. Democracia, já", concluiu Rosane Bertotti. A mesa foi coordenada pelo presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowsk, que reafirmou o papel do Fórum da Igualdade na mobilização da sociedade em defesa de políticas públicas que democratizem o setor.