Em Angra, ambientalistas, professores, estudantes e a população fazem ato em solidariedade às vítimas do Japão e em repúdio às falsas verdades do programa nuclear.
Com o soar fúnebre de dois surdões, faixas de alerta, com os dizeres, “Quem planta Angra 1, Angra 2 e Angra 3, colhe Three Mile Island, Chernobil e Fukushima e Angra 3 Não; velas acesas, coroas de flores, máscaras e envoltos em panos pretos, mais de 100 pessoas, entre ambientalistas, professores, estudantes, donas de casa e crianças, marcharam pela Rua do Comércio, no Centro de Angra dos Reis, para alertar que a população não está preparada para se defender caso ocorra um acidente nas duas usinas nucleares. A marcha também teve como objetivo mostrar que a população da cidade está solidária às vítimas do Japão e exige a paralisação da construção de Angra 3, assim como de todo o programa nuclear brasileiro.
Um dos destaques do ato foi o enterro simbólico das falsas verdades do programa nuclear brasileiro (como usinas nucleares não explodem, a população está preparada para o plano de evacuação e as usinas são seguras), carregados por ambientalistas e artistas da cidade.
O ato foi organizado pela Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sapê), Instituto de Socioambiental da Baía da Ilha Grande (Isabi) e Comitê de Defesa da Ilha Grande (Codig), O cortejo fúnebre, somente cortado por um refrão alegre cantado pelos estudantes: “eu não, quero não, radiação não quero não!. começou às 12h30, depois de uma concentração na Praça do Carmo, antigo palco das mais fortes manifestações contra a usina nuclear, na década de 80, e a só terminou uma hora depois, em frente à igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, onde os organizadores discursaram mostrando as inquietações de quem vive ao lado das usinas nuclearese e cobraram mais responsabilidades dos governos federal, estadual e municipal, principalmente em relação ao Plano de Emergência.
Uma das participantes do ato, Jaqueline Máximo, acompanhada da filha Alice e das sobrinhas Duda e Clara, foi uma das últimas a falar solicitando mais informações e clareza para que as crianças de agora e do futuro possam conhecer de fato o que é uma usina nuclear e os riscos que elas trazem para a humanidade. Jaqueline também falou em nome das mulheres do movimento negro lembrando que diversas famílias afro-brasileiras perderam suas terras, para que no local fosse erguida a primeira e a segunda usina nuclear de Angra.
Rafael Ribeiro (Sapê), Ivan Marcelo (Isabi) e Alexandre de Oliveira (Codig) lembraram que o continente e nem a Ilha Grande recebem a atenção devida dos governos lembrando que a estrada Rio-Santos é precária e desmorona durante todas as chuvas. não existem abrigos seguros na cidade, o transporte público é ineficiente; a cidade não dispõe de um bom hospital e a falta de informação reina na cidade sobre como funciona uma usina nuclear e os riscos que ela trazem para a população.
Angra dos Reis: Solidariedade às vitimas do Japão e repúdio à insegurança nuclear
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Por: Nádia Valverde, (recebido por e-mail)
22/03/2011
Foto: Hugo Bastos