Dilma para Obama: O que você acha de eu ir discursar na Times Square?

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Dilma está brava com Obama

Por Kennedy Alencar em sua Coluna

18/03/2011

Barack Obama ainda não chegou, mas Dilma Rousseff já está brava com ele. A presidente do Brasil ficou contrariada com a decisão do colega americano de discursar no Rio de Janeiro. O evento estava previsto para acontecer na Cinelândia, mas foi transferido para o Teatro Municipal a fim de abrigar um público menor do que uma praça pública e facilitar as medidas de segurança.

O fato é que cresceu nos últimos dias a tensão entre os diplomatas brasileiros e americanos a respeito da organização da viagem, sobretudo em relação ao discurso no Rio.

Já faz algumas semanas que o Palácio do Planalto vem tentando dissuadir a Casa Branca. Primeiro, auxiliares da presidente manifestaram dúvida em relação ao êxito de público do comício de Obama numa praça pública. Depois, alegaram que haveria dificuldade para garantir toda a segurança necessária ao homem mais poderoso do mundo. Por fim, foi revelado aos americanos que Dilma achava estranha a ideia. Reservadamente, um ministro chegou a dizer que equivaleria a um discurso da brasileira na Times Square de Nova York.

Obama é um presidente que deve boa parte de sua eleição à capacidade midiática. Político pop star, ele considerou o Rio de Janeiro um palco imperdível na luta para tentar diminuir o antiamericanismo no planeta.

Os EUA contaram com a ajuda valiosa do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Detalhe: Dilma detesta a corda que Cabral vem dando a Obama. O governador divide com os americanos a intenção de uso midiático do discurso.

A relação entre Cabral e Luiz Inácio Lula da Silva era excelente. Com Dilma, ela é boa. O governador não engoliu até hoje a demissão de Sérgio Côrtes do cargo de ministro da Saúde antes de tomar posse. Ele combinou com Dilma que cederia o seu secretário da Saúde para o governo federal. Na versão dele, o anúncio antecipado havia sido combinado com Dilma. Na versão dela, Cabral se precipitou, amealhou inimigos no PMDB e inviabilizou Côrtes.

Este é o contexto de um capítulo importante da visita de Obama ao Brasil. * VISÕES

Tem gente no primeiro escalão de Dilma que diz que já não aguenta mais tantos pedidos dos americanos para que a visita de Obama seja do jeito que eles querem. Mas também tem gente no Palácio do Planalto que acha que é o preço que se paga pela visita de um presidente americano, cuja segurança não pode ser comparada com as de outros mandatários.

 
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