Gostaria de convidá-los a relerem alguns posts do ano passado.
Meu quintal, garagem já encheram duas vezes. A primeira na madrugada de 06/02/2010 e ontem. vivo nesta casa desde 1997 e antes desses dias nunca havia ocorrido algo assim. Mas vejam a situação da principal avenida que margeia o córrego nas proximidades de minha casa: 22 de abril de 2010. Se você tiver paciência de buscar verá que desde pelo menos dezembro de 2009 eu denunciava esta situação e recorria às autoridades.
Meu bairro que tem mais de cem mil pessoas tem uma única empresa de ônibus que monopoliza todos os trajetos e nos faz viver verdadeiros infernos pra chegar em lugares que ficam a 5 quilômetros daqui, por exemplo, se eu quiser ir até o limite de Osasco tenho de pegar um ônibus até a Corifeu pra fazer baldeação. Poucas linhas trajetos que levam a nada e lugar nenhum, espera de 1 hora até para pegar um ônibus.
Limpeza urbana como você pode conferir no post de 22 de abril não existe. Diego Casaes está de prova, quando ele estava hospedado aqui, voltávamos um dia do centro da cidade e vimos cavalo pastando nas marginais da Politécnica! O mato cresce tanto que virou 'política urbana' cavalos pastarem nas marginais da principal avenida!
No ano passado me juntei aos moradores da Vila Romano que moram no extremo oposto da minha casa. São Paulo é democrático na miséria e tragédia: de leste a oeste inunda tudo. O resultado de nossa ida a prefeitura foi uma repressão que não vi nem na época que estava na Universidade e tínhamos sido derrotados nas Diretas. Não vi nem na época que Maluf e Pita desgovernaram esta cidade. Kassab e a polícia de Serra baixou o cassete na população pacífica que queriam uma audiência com o prefeito para tratar de meses de alagamentos. Minha pele ficou toda queimada de spray de pimenta, vomitei e passei muito mal. Havia idosos e crianças todos foram alvos. Até hoje ninguém pagou por isso. Por falar nisso, como andam os moradores da Zona Leste, do Jardim Romano e adjacências?
Atentem para a notícia que acompanha o post de 22 de abril: ali está: Por falta de terrenos, SP pode perder R$ 6 mi do PAC para coleta seletiva:
"A cidade de São Paulo pode perder R$ 6 milhões destinados à construção de 10 centrais de triagem de materiais recicláveis. A verba faz parte do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC) e está alocada desde 2008, aguardando a indicação de terrenos onde poderiam ser construídas. Caso nenhuma obra seja iniciada até 3 de julho, o recurso deve ficar retido."
Agora vejam como está a situação da Cooperativa de Catadores da Granja Julieta. E vejam como ficou o Rio Pinheiros após as chuvas.
Fonte: Twipic do @carlosemilio
Para além da deseducação (que também é tarefa dos governos educarem), para além da 'fúria da mãe natureza', é a má política que faz das nossas vidas este inferno.
Atualização:
Se você quer realmente entender o quanto a falta de política pública tem a ver com as enchentes leia quem entende do assunto de verdade, não esses especialistas de araque que a imprensa blindada paulista recorre todos os anos.
Professor Júlio Cerqueira Neto é fera no assunto:
- As inundações de áreas urbanas
- Plano Diretor de Drenagem no Município de São Paulo
- Macrodrenagem na Região Metropolitana de São Paulo
- Enchente de 24.25/05/05 na RMSP
- As tristezas dos verões
- Seminário "Enchentes na Região Metropolitana de São Paulo - IE"
- Entrevista ao portal www.viomundo.com.br em 18.12.2009
- Denúncia do portal www.viomundo.com.br em 27.12.2009
- Análise crítica do Plano de Macrodrenagem da RMSP-DAEE - 1998
- Porque os piscinões devem ser evitados em áreas urbanas especialmente na região metropolitana de São Paulo
- Esclarecimento de dúvidas sobre o texto “Análise Crítica do Plano de Macrodrengaem”