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Deve ter um concurso interno na grande mídia entre Veja, Folha e O Globo para ver quem diz mais bobagens, quem vence Demóstenes Torres em relação a manipulação da história da escravidão no Brasil e das lutas negras em nosso país. Segue mais um exemplo, retirado do Tijolaço que faz a crítica a mais um porco-jornalismo que distorce a história em benefício da manutenção do status quo da minoria branca e privilegiada.
O racismo de O Globo, do Tijolaço
domingo, 25 julho, 2010 às 15:36Pode-se discutir uma política de cotas no ensino. Pode-se discutir se essa é a maneira mais eficiente de buscar equilíbrio de oportunidades num país que tem na divisão social a marca da herança escravagista. Agora, é repugnante que um jornal como O Globo, em seu editorial de hoje, negar até que tenha havido racismo no Brasil, sob o argumento de que na nossa sociedade miscigenada até negros foram donos de escravos e chamar os movimentos de afirmação da cultura negra de “falanges racialistas”, francamente, é assumir o padrão “Da Costa” de debate político. É uma mistificação dizer que até os EUA estão “relativizando” a pol´tica de ações afirmativas para os negros e que, por isso, o Brasil estaria na contramão da história. Ora, eles podem estar até atenuando certas políticas, porque tiveram mais de três décadas de ações afirmativas para os negros que, embora ainda estejam na parcela mais humilde da população americana, ao lado dos latinos, já conseguiram, até, ter um deles como presidente da República. Ontem mesmo o jornal publicou uma matéria mostrando que, entre os pobres, a chance de uma criança não superar o baixo grau de instrução de seus pais é de cerca de 60%. Então, é legítimo dizer que, sem políticas de estado que os insira na competição, a identidade entre ser negro, ser pobre e ter baixo nível educacional persista no Brasil. Como disse, é perfeitamente saudável discutir qual a forma que devem assumir as ações afirmativas em nosso país e, com todos os defeitos que se possa apontar, a política de cotas foi a única coisa que já se fez neste sentido. Se é preciso modificá-la, que haja o debate. Mas, francamente, o que se quer em lugar dela é o nada, a eternização das diferenças de oportunidade. A elite brasileira faz assim. Diz que não pode haver tratamento discriminatório de espécie alguma. Mas só quando é para proteger os mais pobres. Quando a discriminação – real, objetiva, concreta – se dá pelo poder econômico isso é democracia, é a “lei do mercado”.Ou então que o “tratamento diferenciado” aos nossos irmãos negros continue a ser dado apenas no setor onde já é tradicional: nas batidas policiais.