Presentinho do Demo para Sampa

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O síndico de casinha de bonecas acaba de aprontar mais uma para a cidade: faltando 20 dias para a realização  da Primavera dos Livros, a Secretaria Municipal de Educação cancela o apoio ao evento.

Leiam a  a carta da presidente eleita da Libre (Liga Brasileira de Editoras) em resposta ao ofício do Secretário Alexandre Alves Schneider

São Paulo, 18 de agosto de 2009.

Caros Editores,

Na quinta-feira 13 de agosto, via ofício, seco e sem maiores explicações, o Secretário de Educação do Município de São Paulo, Sr Alexandre Schneider, informou à LIBRE, a 20 dias da realização da Primavera dos Livros de São Paulo, que não honrará o compromisso de financiar o evento conforme acordado com nossa entidade.

Até aquele momento tivemos quatro meses de trabalho intenso da LIBRE junto a Secretaria, oito reuniões e exigências de contrapartida da LIBRE para a obtenção do apoio financeiro, como a preparação de um dia com programação especial para professores e mediadores de leitura do município. Temos hoje 800 mediadores de leitura, inscritos para esse dia, temos convidados confirmados, lançamentos previstos e toda uma estrutura montada e comprometida com a produção do evento para esse dia e os três dias subsequentes.

A Prefeitura havia fechado seu apoio em parcos 60 mil reais, que somados ao apoio da Biblioteca Nacional, Imprensa Oficial de São Paulo (que está rodando 8 mil catálogos, 80 mil filipetas, 30 mil cartões, 2 mil cartazes!!!) e a arrecadação dos editores, tudo isso administrado pelos próprios editores envolvidos com a produção resultaria em mais uma Primavera dos Livros.

Bem, apesar desse desmando, estamos nos organizando para que a Primavera efetivamente aconteça, pois entendemos que a sua realização é o momento em que muitos editores apresentam seus livros ao público, num formato diferenciado e acolhedor, em um evento gratuito, em que descontos reais são oferecidos para professores e para o público em geral, sem privilégios de exposição ditados pela força econômica de uma editora sobre a outra.

Sabemos também que muitos de nós, com sérias dificuldades de colocação de nossos livros nas prateleiras das poucas livrarias da cidade de São Paulo, disputando espaço com os best-sellers, têm na Primavera um momento importante de apresentação de seus catálogos, que repercute ao longo do ano em adoções, indicações e conseqüente maturação da trajetória de muitos títulos. Por tudo isso e por todos os compromissos assumidos com empresas co-produtoras, não vamos recuar.

Mas precisamos entender e repercutir junto aos meios de comunicação e também entre os formadores de opinião que a Secretaria de Educação do Município de São Paulo, ao ignorar o seu papel de apoiadora de um evento que agrega mais de uma centena de editores - pequenos e médios empresários que têm como seu ofício a produção de cultura e conhecimento - não apenas descumpre vergonhosamente seu trato e sua palavra com a LIBRE, mas, sobretudo, desrespeita a população da cidade de São Paulo que tem na Primavera a oportunidade democrática de acesso a uma produção primorosa que não é oferecida nas feiras de alto custo, nem em muitas das livrarias da cidade. A Secretaria Municipal de Educação ignora que a Primavera é evento oficial do calendário cultural da cidade e faz suas escolhas. Devemos todos, editores e cidadãos cobrar responsabilidades e acompanhar os gastos públicos, verificando a forma como serão usados os recursos que até ontem estavam destinados ao apoio de evento destinado à difusão da leitura na cidade de São Paulo.

Todos os cidadãos da cidade de São Paulo viram as escolhas da Prefeitura durante esta semana, que determinou aumentos de gastos com propaganda e cortes vergonhosos no sistema de limpeza da cidade. As escolhas falam por si mesmas. A nós cabe tornar pública a irresponsabilidade na condução política da secretaria.

Diante de tamanho problema, o envolvimento de cada editor na produção da Primavera de São Paulo, será absolutamente necessário e nos dará força, e no dia 10, comemoraremos a abertura da Primavera sem contudo, deixar de expressar nosso protesto pela falta de seriedade da secretaria com os editores e o público leitor e o descompromisso das autoridades com este evento que há 8 anos vem fortalecendo o acesso à cultura na cidade de São Paulo. Cristina Fernandes Warth Pallas Editora Presidente eleita da Libre