Atualização em 22/03/2011: A leitora Ana Pessoa informa que a menina que não cumprimentou o presidente chama-se Rachel Clemens e é sua amiga e está no faacebook!
Na sequência desta nota Rachel Coelho se identifica como a menina da foto. E no Facebook me explica que Rachel Coelho e Rachel Clemens são a mesma pessoa. Ela me prometeu contar a história. Aguardemos.
Negando a mão ao general de plantão
Por Claudio Versiani, no PicturaPixel
© Guinaldo NicolaevskyEu comecei minha vida profissional no jornal O Globo em Belo Horizonte. O ano era 1978 e o Brasil ainda vivia a ditadura dos generais. Foi em O Globo que eu conheci Guinaldo Nicolaevsky. Eu era um estudante de jornalismo fazendo o primeiro trabalho frelance de minha vida e Guinaldo, um experiente profissional. Ele me recebeu de braços abertos, como se costuma dizer, e me ensinou as chamadas manhas da profissão. Guinaldo Nicolaevsky é daqueles amigos para toda a vida.Em 1979, acho, o general presidente e ditador de plantão, João Figueiredo, o que não gostava do cheiro do povo, esteve no Palácio da Liberdade. Guinaldo Nicolaevsky estava lá e fotografou.
E escreveu para o Bloco de Notas… FIGUEIREDO, A MENINA E “O GLOBO”!!!Lançamento do carro à álcool em Belo Horizonte. A imprensa mineira e a nacional estavam presentes e um grupo de crianças foi levado ao Palácio da Liberdade para cumprimentar o presidente Figueiredo. Deu zebra: a primeira da fila negou o aperto de mão ao Presidente da República, apesar dos pedidos dos fotógrafos. Percebi que não aconteceria o aperto e fotografei.Corri para a redação para revelar e transmitir a foto para o Rio. Para minha surpresa eles não publicaram a foto! Desconfiaram! Queriam o “cumprimento”. Fui ameaçado de dispensa caso não entregasse o fotograma. Foi exigido que mandasse o filme sem cortá-lo no primeiro vôo para o Rio. O que foi feito. Não publicaram nada… resolvi por minha conta, mandar para outros veículos, que publicaram com destaque até no exterior.Eu pedi mais uma e Guinaldo escreveu… O BRINDE À “REDENTORA”!!!Março, 1964. Cobrindo o Golpe, na Cinelândia, para a “Última Hora”, deparei-me com uma praça de guerra… gente caindo ferida e tiros que vinham do teto do prédio do SENADO FEDERAL. Procurei abrigar-me e corri para o primeiro prédio que encontrei, na rua Santa Lúcia com Av. Rio Branco… mal sabia que era o prédio do Clube Militar. Fui o último a entrar no elevador e para minha surpresa, cinco ou seis generais lá estavam, marquei no botão o andar do Clube. Eu, de máquina pendurada no pescoço os segui e saltei no mesmo andar. Muita gente no saguão e muita festa. Serviam champanhe para todos, e os generais, cinco ou seis, ergueram as taças e falaram para mim: _ Aproveita para fotografar a vitória da REVOLUÇÃO. Logo em seguida, um capitão deu a ordem: _ Agora entregue-me sua Rolleiflex, pois além da Última Hora, você trabalhou para um jornal comunista (IMPRENSA POPULAR). Agora suma daqui antes que leve umas porradas. E o filme que tinha o brinde à “REDENTORA” JÁ ERA!PS: Corria um boato na Cinelândia que os militares tinham prendido todos os jornalistas de lá (Última hora) e que tinham tocado fogo no prédio… eu não sabia aonde ir.
Pictura agradece ao Guinaldo por ter mandado a foto e as histórias. Eu agradeço o privilégio de tê-lo como amigo.
E a Frô agradece o privilégio de reproduzir fotos e notas por aqui.