Educação popular. O tema da vasta moradia e didáticas que nos mereçam

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Por Allan da Rosa,  [caption id="attachment_173" align="alignleft" width="212"]Imagem: Allan da Rosa Imagem: Allan da Rosa[/caption] Sabendo da história forte da Educação Popular, independente e criativa brasileira, que pode ser retomada pra pensar a marquetagem e o culto à imagem rápida que hoje tanto voga, engana e murcha no plano da “cultura”, organizamos um novo curso da série Pedagoginga. Não é evento nem espetáculo o caso. É lição com tição e sabor no saber. Estudar a moradia, seus cheiros de suor e de sonho. Estudar a quebrada de dentro pra fora, a história da cidade e seus subúrbios. Chamamos pra estudar junto, vem? “DE TETO E DE AFETO: ESTÉTICA, MORADIA E RESISTÊNCIA”, o curso, em maio. Inscrições até 25/04/2014 no www.edicoestoro.net Vem estudar território, paisagem e ensino, refletir sobre quilombagem, feminismo e arquitetura, sobre várzea, letra e maloca com nossas mais velhas dando aula junto com pesquisadores de sangue no olho. Nós por nós. Com pedagogias que envolvam o corpo pensante. Mesclando teoria e oficina. Como nossa ancestralidade e nossas urgências tem pra trocar, alimentando o cognitivo, raiando a memória, a raiva e o amor. Venha o prazer de confeccionar mapas orgânicos, maquetes e fogueiras, caminhadas com tato e ouvido geográfico, formar palestras e trocas com ativistas antigas na luta por moradia na periferia e no centro educando junto com pesquisadores de fundamento. Refletindo sobre as portas e os varais dos territórios negros; sobre o hip hop feminino e as tranças entre a cama, a cozinha e a rua; a história do asfalto paulistano e a porcalha dos rios soterrados, que a cada enchente nos gritam seu retorno; sobre a casa indígena, seu fogo sagrado e a mão pedreira que as levanta. * A luta por moradia entrança a resistência na rua e no peito, a construção da vida no puxadinho e no espelho, os pilares das paredes e dos gestos, a organização lenhosa ou serena do bairro e dos desejos do corpo. A cama e a cozinha, regentes de tanta poesia e convívio, refletem e influenciam os passos e as políticas da praça pública. Da intimidade e do que vaza do portão, da privacidade e do que não se tranca com cadeado. Moradia é miragem, questionamento e trabalho. Na história da cidade se acenderam muitos movimentos, coletivos e ocupações por um lar, por uma vila ou por um campinho. No cantinho do cômodo, no escadão e no quintal se educa e se mantém coloridas linhagens ancestrais. Por necessidade bolamos revides ao que vem ditado de cima pra baixo, às leis de morte e de expulsão, às faxinas étnicas de território, às decisões oficiais de conchavo com os magnatas e latifundiários urbanos. Por precisão se arruma o filtro e a moringa, se banha de balde ou mangueira, se chora com a bica poluída e com o córrego apinhado de plástico. Nas periferias, estilos de criar e de viver vão bailando a dignidade entre goteiras e azulejos, entre festinhas de quintal e vasinhos em beiral de janela, entre cafezinhos e bacias. Nos cortiços por décadas e décadas se desenhou a história de nossos álbuns de família. Nas canções entre o guarda-roupa e o banheiro mora a expressão que põe o público e o privado na massa da mesma fornada. Nos atos de ocupar, orar, brincar, bater palmas na porta, derrubar muro, xingar no portão, ligar fiação ou fechar pra dormir voga um universo de teto e de afeto. Razão de luta e movimentos da razão. * PEDAGOGINGA Desde 2012, já tramamos outros nove, com mais de 450 pessoas em mais de 40 encontros. Cursos como o “Pretices em Cena: Consciência, Teatralidade e Expressão Negra”, o “Espiral Negra: Ciência e Movimento”, o “Literatura, futebol e Negaça: Fintas impedimentos e soladas do racismo brasileiro” ou o ‘ Teias da Expressão, Chamas da Reflexão: Artes plásticas e Gráficanas Africanas e Negro-brasileiras”, sempre nas nossas quebradas de Taboão da Serra, Perus, Jabaquara, Capão Redondo, Campo Limpo, Pirituba... Pode se baixar alguns conteúdos e ver as fotos dos percursos no http://www.edicoestoro.net/cursos/qespiral-negra-ciencia-e-movimentoq.html e no http://www.edicoestoro.net/cursos/resistencia-e-anunciacao-arte-e-politica-preta.html Essa caminhada tá detalhada e ilustrada na segunda metade do livro “Pedagoginga, Autonomia e Mocambagem”, lançado pela Editora Aeroplano, em 2013, assinado por Allan da Rosa. A primeira metade versa sobre elementos fundamentais da cultura negra brasileira (ancestralidade, jogo, luta, segredo, troca, teatralidade), seu legado e suas trilhas, serenas e ferventes. * “DE TETO E DE AFETO: ESTÉTICA, MORADIA E RESISTÊNCIA”. No Espaço Clariô. Aos sábados de maio. Rua Santa Luzia, 96 – Centro de Taboão da Serra/SP Articulação Pedagógica: Allan da Rosa & Ruivo Lopes 03/05: "Portas e varais: espaços geográficos e quebrada", com Dona Dina (Anciã, moradora de Taboão há 50 anos) e Billy Malachias (Geógrafo e educador) 10/05: "Do pau à laje: uma história da moradia paulistana do baldio ao asfalto", com Seu Nelson (Coordenador do Movimento de Luta por Moradia, Centro) e Raquel Rolnik (Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e relatora da ONU sobre moradia) 17/05: "Arquiteturas de olhares e passos: entre aldeias e quilombos", com Dona Neide Abati (União Popular de Mulheres do Campo Limpo) e Alex Ratts (Geógrafo e professor de antropologia da Universidade Federal de Goiás/UFG) 24/05: "Do acampamento ao Tekoha guarani: morando na semente do futuro", com Jerá Guarani (Liderança e professora na aldeia Tenondé Porã) e Spensy Pimentel (Professor da Universidade da Integração Latino Americana/ UNILA) 31/05: "Ventando a cortina, batendo na mesa: guerra e afeto em feminino no Hip Hop", com Sharylaine (Rapper desde 1986 , integrante da Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop ) e Jaqueline Lima Santos (Doutoranda na Unicamp, pesquisadora de Hip Hop) * “DE TETO E DE AFETO: ESTÉTICA, MORADIA E RESISTÊNCIA”, o curso, em maio. Inscrições até 25/04/2014 no www.edicoestoro.net