O debate da Band realizado na noite desta segunda-feira (14) deixou evidente a diferença entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito que tenta a reeleição. Boulos, de maneira incisiva, expôs seu adversário e o colocou em uma situação difícil ao desafiar Nunes a revelar seu sigilo bancário. Essa questão foi fundamental, e muitos analistas acreditam que marcou o início de uma virada significativa nas intenções de voto.
Ao contrário do que afirmam alguns jornalistas, o candidato Guilherme Boulos se destacou no debate. A análise de redes sociais feita pelo DataFórum confirma que Boulos gerou muito mais engajamento positivo nas redes do que Nunes, 62,8% a 28,6%. Essa diferença de quase 40 pontos nas redes sociais reflete o impacto da postura de Boulos no debate.
O ponto alto do confronto se deu quando Boulos desafiou Nunes a abrir seu sigilo bancário, numa tentativa de provar que não havia envolvimento com corrupção. Ele argumentou que, ao se candidatar a um cargo público, Nunes deveria demonstrar total transparência, como já fizeram outros políticos. Essa foi uma "paulada", como descrito por Boulos, e, somada à questão do apagão que deixou a cidade de São Paulo no escuro, contribuiu para o enfraquecimento de Ricardo Nunes.
Outro tema discutido foi a falta de políticas públicas eficazes da gestão de Nunes, em especial no que tange à poda de árvores em São Paulo. O candidato adversário prometeu melhorias, mas, de acordo com Boulos, essas promessas nunca foram concretizadas. Cidadãos reclamam que até o registro de solicitações no serviço de atendimento 156 é ineficaz, tornando a situação insustentável.
No entanto, a questão do apagão ainda não foi completamente absorvida pelos eleitores. Embora o evento tenha ocorrido recentemente, ele já está influenciando as pesquisas de intenção de voto. De acordo com os dados mais recentes do tracking analisado, Boulos reduziu a diferença em relação a Ricardo Nunes de 17% para 8,7% em apenas cinco dias, coincidindo com o impacto do apagão. Isso demonstra que há uma escalada no apoio ao candidato do PSOL, especialmente entre os jovens de 16 a 24 anos.
A rejeição a Boulos, que já foi maior, também caiu nos últimos dias, ficando em torno de 45% a 46%, ao contrário dos 55% apontados pelo Datafolha anteriormente. Enquanto isso, a avaliação de Ricardo Nunes e do governador Tarcísio piorou, com um aumento nos índices de avaliação negativa.
Em termos de cenário eleitoral, Boulos parece estar em plena ascensão, com metade da diferença já superada. Se mantiver esse ritmo, o candidato poderá transformar a disputa em algo muito mais equilibrado. A pergunta que se coloca agora é: Ricardo Nunes abrirá seu sigilo bancário? A resposta a essa questão poderá ser decisiva nos próximos debates e, consequentemente, nas urnas.
Por fim, o cenário em São Paulo continua tenso. A questão dos moradores de rua, com cerca de 80 mil pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade extrema, é um dos problemas mais visíveis da gestão de Nunes. Boulos, ao contrário do atual prefeito, tem mostrado interesse em enfrentar essa e outras questões que afligem a população paulistana.
Com o apoio das redes e o fortalecimento de sua imagem, especialmente entre os jovens e nas periferias, Guilherme Boulos continua sua trajetória em busca de uma virada histórica. Agora, resta acompanhar como os próximos dias de campanha, e principalmente os próximos debates, influenciarão os eleitores de São Paulo.