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Intervenções militares do poder estatal em situações de conflito urbano, como a observada na cidade do Rio de Janeiro desde a última sexta-feira 16, não são novidade e tampouco exclusividade brasileira. A utilização das Forças Armadas em episódios de crise interna estão se tornando cada vez mais comuns em diferentes locais do mundo, do Egito aos EUA, onde os militares tem atuado na repressão a manifestações populares, como foi no caso da revolta na cidade estadunidense de Ferguson, em 2014.
A militarização é, na realidade, um fenômeno que abrange diversos aspectos da vida contemporânea, indo da segurança pública ao comércio de automóveis, instrumentos de vigilância, jogos de videogame e a circulação nas cidades. Este é um fenômeno que possui diversas ramificações transnacionais, sendo capaz de conectar os eventos no Rio de Janeiro a conflitos no Haiti, Palestina, no Iraque e em Londres.
Aparentemente local, o engajamento militar no Rio de Janeiro tem sido acompanhado de importantes referências às dinâmicas internacionais. Em entrevista, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, comparou as ações com a intervenção feita pelos diversos atores de segurança no Haiti e com as guerras assimétricas, aprofundadas pelos EUA no contexto de combate ao terrorismo.
“Essa guerra moderna não é mais aquela de 1945, com inimigos uniformizados, terreno definido e batalhão organizado”, observa o ministro da Justiça. “Não sabe que arma virá, não sabe quantos virão. O seu inimigo não tem linha de comando longamente estabelecida. Não tem um centro nevrálgico para atacar. Pior, no caso do narcotráfico e do crime organizado, está também nas fronteiras com outros países.”
Independentemente, de concordar ou não como ministro, esse tipo de avaliação passou a ser elaborada por think tanks nos EUA ja na década de 1990 e ganhou alcance global nas últimas décadas, influenciando a tomada de decisão de diversos atores estatais e não-estatais.
Compreender essa dinâmica internacional dos conflitos sociais é parte fundamental para entender o xadrez geopolítico global. Com o objetivo de discutir este e demais assuntos relacionados, a PUC-SP oferece neste semestre o curso de extensão “Conflitos Internacionais em Tempos de Globalização: a Presença de Atores Não Estatais”. Clique aqui para se inscrever.
Mercenário de corporação de segurança privada em atuação em conflito no Oriente Médio
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