SAÚDE

O que significa andar rápido demais mesmo sem pressa, segundo a psicologia

Estudos mostram que hábito de andar rapidamente pode estar ligado com a saúde mental

Pessoas caminhando
Pessoas caminhandoCréditos: Domínio Público
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Caminhar rapidamente, mesmo sem pressa, pode ser mais do que um simples hábito: estudos sugerem que o ritmo da marcha está ligado a traços de personalidade, saúde mental e até ao envelhecimento cerebral.

Pesquisas realizadas pelo Dunedin Multidisciplinary Health & Development Study, um dos mais longos estudos longitudinais do mundo, revelam que a velocidade da caminhada pode oferecer pistas sobre o funcionamento cognitivo e emocional de uma pessoa.

De acordo com os dados, indivíduos que caminham naturalmente em um ritmo acelerado tendem a apresentar estruturas cerebrais mais preservadas em comparação com aqueles que andam mais devagar. Embora a diferença seja pequena – apenas 1% a 2% da variação na velocidade da caminhada esteja diretamente ligada a fatores cerebrais –, especialistas afirmam que o hábito pode refletir uma combinação de traços psicológicos, como maior motivação, senso de urgência ou até mesmo ansiedade.

Um estudo clássico de Levine e Norenzayan (1999) analisou o ritmo de pedestres em 31 países e descobriu que pessoas em nações mais ricas e individualistas tendem a andar mais rápido. A explicação pode estar no "valor do tempo": em sociedades onde o tempo é percebido como um recurso escasso, caminhar rapidamente pode ser um reflexo cultural.

No entanto, quando o comportamento persiste mesmo em momentos de descontração, pode indicar uma dificuldade em "desacelerar" mentalmente. 

Além da psicologia, a velocidade da caminhada tem implicações clínicas. Pesquisadores de Harvard associam quedas bruscas no ritmo da marcha a maiores riscos de hospitalização, declínio cognitivo e até mortalidade. Por outro lado, manter um passo rápido está ligado a melhor condicionamento físico e menor risco de doenças cardiovasculares.

Para idosos, melhorar a velocidade da caminhada é um objetivo comum em terapias de reabilitação, já que está diretamente ligado à independência funcional.

Apesar dos benefícios de um ritmo acelerado, especialistas alertam que caminhar muito rápido sempre pode ser um sinal de estresse crônico. 

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