O Brasil tem intensificado os esforços para eliminar a tuberculose como problema de saúde pública, investindo em prevenção, tecnologias inovadoras e ações intersetoriais. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Tuberculose 2025, o tratamento preventivo cresceu 30% em 2024 em relação ao ano anterior, impulsionado pela popularização das terapias de curta duração, especialmente a terapia 3HP, que agora representa 72% do total de tratamentos.
Terapia 3HP: curta duração e menos efeitos colaterais
A principal aposta do Ministério da Saúde é a terapia chamada 3HP, que combina os antibióticos isoniazida e rifapentina em apenas 12 doses semanais ao longo de três meses. A adesão a esse regime cresceu de 52,4% (2023) para 72% (2024), graças à baixa toxicidade e à maior comodidade para os pacientes. Com isso, o país atingiu uma taxa de conclusão de 80% dos tratamentos — a maior entre os regimes disponíveis pelo SUS.
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A terapia é especialmente importante para tratar a infecção latente da tuberculose, quando a bactéria está presente, mas ainda não desenvolveu sintomas. O foco está em crianças, pessoas vivendo com HIV/aids e contatos domiciliares, que têm risco elevado de evolução para a forma ativa da doença.
“As tecnologias preventivas viabilizam a meta de eliminação, por isso é muito importante que sejam cada vez mais inovadoras. Em breve, teremos uma terapia de 28 dias, que pode ter uma adesão ainda melhor”, afirmou Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs.
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OMS reconhece avanço brasileiro na luta contra a tuberculose
Mesmo com a tuberculose ainda figurando entre as doenças infecciosas mais letais do mundo, o Brasil tem ganhado destaque internacional por sua atuação na prevenção. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu os avanços do país no combate à doença, colocando o Brasil como referência global.
Além das terapias medicamentosas, o SUS oferece gratuitamente a vacina BCG, que protege as crianças contra as formas mais graves da doença.
Casos novos estabilizados, mas ainda sob reflexo da pandemia
O boletim também apontou que o número de diagnósticos de novos casos permanece no patamar de 84 mil. Em 2023 foram 84.994 registros, contra 84.308 em 2024. Os números ainda refletem os efeitos da pandemia de Covid-19, que causou subnotificações e atraso no diagnóstico e tratamento.
“Na pandemia, houve uma tendência de queda em todo o mundo, não só no Brasil. Agora, estamos na retomada dos diagnósticos”, explicou Barreira.
Durante o período pandêmico, muitas pessoas com tuberculose não procuraram atendimento ou foram diagnosticadas erroneamente com Covid-19, o que favoreceu a transmissão dentro dos lares.
Brasil Saudável: ação intersetorial inédita
Além das medidas clínicas, o governo Lula lançou o programa Brasil Saudável, uma estratégia intersetorial inédita no mundo, envolvendo 14 ministérios e parceiros estratégicos, como organismos internacionais e organizações da sociedade civil.
O objetivo é combater a tuberculose e outras doenças associadas à vulnerabilidade social, como falta de moradia adequada, insegurança alimentar e dificuldades de acesso aos serviços de saúde.
Mais investimentos e uso de tecnologia para prevenção
O Ministério da Saúde investiu R$ 100 milhões em ações de vigilância, prevenção e controle da tuberculose, por meio do Incentivo Financeiro voltado também ao HIV/aids, Hepatites Virais e ISTs. Em parceria com o CNPq, foram destinados R$ 20 milhões para pesquisas sobre a doença, e R$ 6 milhões para projetos de mobilização social.
Entre as novidades está o aplicativo Prevenir TB, desenvolvido para apoiar os profissionais do SUS na tomada de decisões clínicas. Com perguntas simples e baseadas no perfil do paciente, o app indica se é necessário iniciar o tratamento preventivo. O sistema usa tecnologia Progressive Web App (PWA), garantindo acesso fácil em diferentes dispositivos.
*Com informações da Agência Gov