Quem diria que o icônico talco para bebês Johnson, usado há décadas por bilhões de bebês pelo mundo, inclusive no Brasil, iria causar mais um pedido de falência da fábrica que o produz, a Johnson & Johnson?
Este é o terceiro pedido de falência da J & J, que teve os dois anteriores negados. A manobra jurídica tem o objetivo de buscar unificar as ações judiciais espalhadas pelos Estados Unidos contra a fabricante, após a descoberta de que o talco que perfumou bilhões de bebês continha em sua fórmula perfumada amianto, substância cancerígena causadora de câncer de ovário e mesotelioma.
Com o novo pedido de falência, a empresa quer brecar novos processos, pois os atuais que pedem compensações processuais pelo uso do talco já somam US$ 8 bilhões.
A empresa nega que seus produtos de talco sejam inseguros e culpou a publicidade legal e os advogados inescrupulosos por alimentarem os litígios sobre o talco.
Se aprovado no tribunal de falências, o plano resolverá todas as ações judiciais atuais e futuras que ligam os produtos de talco ao câncer de ovário e outros cânceres ginecológicos, uma resolução final que a J&J não pode obter em nenhum outro lugar a não ser na falência. [Infomoney]
A medida é uma jogada judicial da empresa que, se negada, certamente abrirá espaço para uma quarta e nova demanda em outro estado. A J&J acionou o capítulo 11 (o das falências) pela primeira vez em 2021 em Charlotte, Carolina do Norte. O segundo foi protocolado no ano passado em Trenton, New Jersey, e este terceiro em Houston, Texas.
O talco original foi proibido no Brasil em 2023. O novo talco hoje no mercado não conteria o produto cancerígeno e seria fabricado a partir de amido de milho, a popular Maizena.
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