Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado, nesta quarta-feira (14), a mpox como uma emergência de saúde pública global, a primeira após a pandemia de covid-19, a doença tem despertado a atenção de quem ainda não sabe do que ela se trata.
Uma nova variante do vírus vem se propagando e causando um surto em países da África, sendo que o primeiro caso da nova variante do mpox fora do continente africano já foi detectada também na Suécia, nesta quinta-feira (15). Entre os países atingidos, a República Democrática do Congo (RDC) chegou a registrar 14 mil casos, com 450 mortes.
"A OMS vem trabalhando para conter os surtos de mpox na África e alertando que o cenário é algo que deve preocupar a todos nós. Na semana passada, convoquei o comitê de emergência para avaliar a situação na República Democrática do Congo e em outros países na África. Hoje, o comitê se reuniu e informou que, em sua visão, a situação constitui emergência em saúde pública de importância internacional", disse, em coletiva de imprensa realizada em Genebra, na Suíça, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus nesta quinta.
Mas o que é a mpox?
Em artigo publicado no The Conversation, o microbiogista Rodney E. Rohde, professor da Texas State University, deu detalhes sobre a doença.
"A mpox é causada pelo vírus da varíola dos macacos, que pertence a um subconjunto da família de vírus Poxviridae chamado Orthopoxvirus", explica. "O nome 'varíola dos macacos' vem dos primeiros casos documentados da doença em animais em 1958, quando dois surtos ocorreram em macacos mantidos para pesquisa. No entanto, o vírus não saltou de macacos para humanos, nem os macacos são os principais portadores da doença."
"Como a mpox é intimamente relacionada à varíola, a vacina contra a varíola pode fornecer proteção contra a infecção de ambos os vírus. Desde que a varíola foi oficialmente erradicada, no entanto, as vacinações de rotina contra a varíola para a população geral dos EUA foram interrompidas em 1972. Por causa disso, a mpox tem aparecido cada vez mais em pessoas não vacinadas."
Sintomas e como se transmite a mpox
Rohde conta que o vírus pode ser transmitido por contato com uma pessoa, animal infectado ou superfícies contaminadas. "Normalmente, o vírus entra no corpo por meio de pele rompida, inalação ou membranas mucosas nos olhos, nariz ou boca. Os pesquisadores acreditam que a transmissão de humano para humano ocorre principalmente por meio da inalação de grandes gotículas respiratórias, em vez de contato direto com fluidos corporais ou contato indireto por meio de roupas", detalha.
Segundo ele, autoridades de saúde estão preocupadas que o vírus possa estar se espalhando sem ser detectado por meio de transmissão comunitária, possivelmente por um novo mecanismo ou rota.
Uma vez no corpo, o vírus começa a se replicar e se espalhar pelo corpo pela corrente sanguínea. Os sintomas geralmente não aparecem até uma a duas semanas após a infecção.
A Mpox produz lesões cutâneas semelhantes às da varíola, mas os sintomas geralmente são mais brandos. Sintomas semelhantes aos da gripe são comuns inicialmente, variando de febre e dor de cabeça a falta de ar. Um a 10 dias depois, uma erupção cutânea pode aparecer nas extremidades, cabeça ou tronco que eventualmente se transforma em bolhas cheias de pus.
De acordo com Rohde, os sintomas geralmente duram de duas a quatro semanas, enquanto as lesões cutâneas geralmente formam crostas em 14 a 21 dias. "Embora a mpox seja rara e geralmente não fatal, uma versão da doença mata cerca de 10% das pessoas infectadas. Acredita-se que a forma do vírus que circula atualmente seja mais branda, com uma taxa de mortalidade de menos de 1%", diz o microbiologista.