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Por que um fisiculturista dos EUA não pode tomar água gelada sem desmaiar

Franklin Aribeana, de 35 anos, já foi internado mais de 20 vezes durante a vida. Entenda o caso bizarro e raríssimo que acomete o atleta

O fisiculturista Franklin Aribeana.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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O norte-americano Franklin Aribeana, de 35 anos, que vive no Texas, no sul dos EUA, é um sujeito que tem uma restrição séria em sua vida, que para alguns pode soar até mesmo como bizarra. Ele é fisiculturista e descobriu, quando tinha 18 anos, que não pode tomar água gelada. É isso mesmo, ele não pode nem pensar em dar uma golada num refrescante copo d’água bem geladão, daqueles que matam a sede em instantes nos dias de calor intenso.

Há quase duas décadas, enquanto treinava na academia, Aribeana tomou alguns goles de água bem fria e se preparava para voltar ao treino. Ele diz que jamais esquecerá aquele dia. Minutos depois vieram os “sintomas”, que consistiam numa sensação de “apagão”. E foi mesmo o que aconteceu, já que o fisiculturista desmaiou.

De lá para cá, foram mais de 20 vezes indo parar no hospital por desmaios provocados após a ingestão de água gelada, ou de qualquer outro líquido em temperatura baixa. Após muitos exames, durante anos, os médicos concluíram que, sem dúvidas, Aribeana “apagava” por conta de uma arritmia cardíaca, embora não soubesse dizer por que raios isso ocorria após a ingestão de água gelada.

Somente num período mais recente é que os exames e teste mais aprofundados foram finalmente descobrir o que acontece com o fisiculturista nessas situações. Segundo os especialistas, o chamado “nervo vago”, uma estrutura do sistema nervoso responsável por regular a frequência cardíaca. No caso de Aribeana, esse nervo, que fica muito mais sensível naturalmente em momentos de calor extremo ou de intensa atividade física, é ainda mais susceptível do que nas pessoas em geral.

Quando o atleta ingere a água gelada, é como se o nervo fosse exposto diretamente à baixa temperatura, causando uma reação chamada de “reflexo de mergulho”, que promovo uma contração acentuada dos vasos sanguíneos e a redução brusca da frequência dos batimentos do coração, como forma de conservar o pouco oxigênio presente no corpo, destinados a preservar órgãos vitais em episódios do tipo.

Ele relatou numa entrevista ao canal ABC News que, certa vez, num campo de golfe, debaixo de um calor escaldante, tomou a água gelada e seu coração começou a palpitar tanto que era possível ver os batimentos pelo seu peito, após tirar a camiseta. Logo depois ele desmaiou.

“Tomei um gole de água fria e a próxima coisa que percebi foi literalmente palpitações no peito. Eles tiraram minha camisa e dava para ver meu coração literalmente batendo forte no peito, e então desmaiei”, contou.

Diante do diagnóstico mais preciso, os médicos, então, realizaram um procedimento de cauterização no trecho de conexão entre o nervo vago e seu miocárdio. É difícil dizer, por ora, se a intervenção foi um sucesso, ainda que Aribeana não tenha mais apresentado episódios do tipo desde então. A imprecisão quanto a eficiência da técnica de cauterização se deve ao fato de que o fisiculturista segue tomando seus medicamentos para evitar fibrilação atrial.