O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta sexta-feira (15) que atuar contra a chamada resistência antimicrobiana (RAM) “é tão urgente quanto a ação climática”.
A declaração foi dada na quarta Reunião Ministerial Global de Alto Nível sobre Resistência Antimicrobiana, que começou no mesmo dia em Jeddah, na Arábia Saudita. "A RAM não ameaça apenas tornar os medicamentos dos quais dependemos menos eficazes; isso já está acontecendo agora."
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Segundo o dirigente da OMS, 1,3 milhão de pessoas morrem todos os anos em função das superbactérias. “A ironia da RAM é que ela é causada pelo uso inadequado de antimicrobianos e, ainda assim, um grande número de pessoas também morre porque não consegue ter acesso a esses medicamentos”, apontou.
Estudo do Projeto Global Research on Antimicrobial Resistance (GRAM) divulgado na revista científica The Lancet em setembro indica que as mortes diretamente causadas por resistência antimicrobiana devem aumentar de forma constante, chegando a um aumento de quase 70% até 2050 em comparação a 2022, totalizando 39 milhões de mortes.
O que é a resistência antimicrobiana
A resistência antimicrobiana ocorre quando microorganismos como bactérias, fungos, vírus e parasitas sofrem alterações por exposição a antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti-helmínticos, por exemplo, e se tornam resistentes aos medicamentos.
Isso torna o tratamento de infecções mais difícil ou, em algumas ocasiões, impossível, levando ao surgimento e circulação de superbactérias que não podem ser paradas por medicações comuns, aumentando o risco de transmissão de doenças graves.
De acordo com dados da OMS, a cada ano, 480 mil pessoas desenvolvem tuberculose resistente à medicação, com 250 mil mortes.
Boa parte do cenário atual é causado pela utilização intensiva de agentes químicos em atividades como agricultura e pecuária. “A resistência antimicrobiana é motivada pelo uso indevido e excessivo de antibióticos e outras substâncias antimicrobianas em humanos, animais e plantas. É uma ameaça global emergente que tira a vida de mais de um milhão de pessoas em todo o mundo a cada ano”, pontua o oficial sênior de Saúde da Produção Animal da FAO, Eran Raizman.
Aproximadamente 70% do mundo dos antibióticos são usados hoje ??na produção pecuária, aquicultura e produção vegetal, segundo o diretor-geral assistente da FAO, Thanawat Tiensin. “Se quisermos controlar o problema da resistência antimicrobiana, precisamos controlá-lo na raiz. Precisamos mudar a maneira como produzimos alimentos e, ao fazer isso, podemos garantir que podemos alimentar 8 bilhões de pessoas hoje e 10 bilhões de pessoas até 2050”, defende
Com informações da Agência ONU