CONSEQUÊNCIAS

Poluição atmosférica é fator de risco para a osteoporose, apontam especialistas

Além de condições neurológicas debilitantes por ingestão de partículas tóxicas, o ar poluído ainda pode contribuir com o surgimento de fraturas ósseas

Poluição urbana.Créditos: Leonardo da Silva via Flickr commons
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De acordo com a Science, um estudo norueguês de 2007 pode estar ressoando com uma pesquisa conduzida em um vilarejo na Índia há pouco mais de quatro anos. Ambos indicam a mesma correlação avistada entre a exposição a poluentes atmosféricos e a redução da densidade óssea em humanos adultos (especialmente em idade avançada). 

Pesquisas norte-americanas também já revelaram esse prognóstico. Segundo especialistas internacionais, as partículas PM2.5, encontradas em poluentes tóxicos da atmosfera e pequenas o suficiente para penetrar na corrente sanguínea, podem causar fraturas e outros sinais ósseos responsáveis pela condição da osteoporose

Um estudo publicado na The Lancet descobriu que, para uma amostra de pelo menos 160 mil mulheres norte-americanas na menopausa, marcadores de fraturas ósseas envolviam a exposição a gases e partículas poluentes do ar, como os óxidos de nitrogênio, compostos gasosos emitidos em atividades de combustão.

Os estudos mostram, ainda, que pessoas mais vulneráveis e expostas à poluição têm uma menor densidade de minerais nos ossos, devido à produção de mais radicais livres formados por poluentes — capazes de danificar as células ósseas e impedir que seus tecidos sejam renovados. 

Esses radicais também influenciariam a produção da vitamina D, que é essencial para a saúde dos ossos, ao bloquear a luz solar necessária para a sua síntese. 

O diagnóstico da osteoporose costuma ser tardio: globalmente, de acordo com a Science, um terço das mulheres e um quinto dos homens com mais de 50 anos apresentam fraturas relacionadas à doença, que só é descoberta quando as fraturas causam problemas visíveis. 

Fatores como o sedentarismo e o consumo de álcool e tabaco aumentam os riscos da osteoporose, mas praticar atividades físicas e ter um consumo saudável não são suficientes: o perigo está no ar, e num ar cada vez mais poluído por partículas tóxicas que vêm de processos industriais, gases liberados pela queima de combustíveis em automóveis e mesmo de queimadas como as que têm avançado sobre regiões brasileiras e chegado às metrópoles em nuvens de fumaça. 

Mecanismos escondidos

Dentro das células, dizem os pesquisadores, outros mecanismos potenciais da poluição estão escondidos: os compostos encontrados na poluição atmosférica formam moléculas instáveis que danificam o DNA, as proteínas e outros componentes celulares, promovendo inflamação e respostas imunes anormais que podem interferir em processos metabólicos e causar alterações crônicas.

Ainda conforme o estudo publicado na The Lancet, 9.2 milhões de pessoas acima dos 65 anos vivendo no Nordeste dos Estados Unidos, em regiões altamente expostas a poluentes do ar, tiveram algum nível de fratura óssea associada à osteoporose.