Um mutirão de cirurgias de catarata realizado na cidade de Parelhas, no Rio Grande do Norte, uma semana antes do primeiro turno das eleições municipais, terminou com 15 idosos contaminados por uma bactéria intestinal, sendo que oito deles perderam a visão e precisaram retirar o globo ocular.
A iniciativa foi do prefeito Tiago Almeida (PSDB), então candidato à reeleição, que contratou uma empresa médica da área oftalmológica para realizar os procedimentos numa maternidade local. Todas os mutirões anteriores organizados pela Prefeitura de Parelhas eram realizados em cidades maiores do estado, já que o pequeno município não tem estrutura hospitalar adequada.
A contaminação se deu pela bactéria Enterobacter cloacae, que vive no intestino humano. A empresa responsável pelas cirurgias, com sede em Pernambuco, é a Oculare Oftalmologia Avançada. A firma médica rebate as críticas afirmando que os procedimentos foram feitos por um “oftalmologista experiente e dentro dos protocolos médicos e de segurança exigidos”. O contrato pelo serviço (48 cirurgias) foi de R$ 59 mil.
“Os pacientes afetados estão recebendo toda a assistência médica, incluindo tratamento com antibióticos, conforme os melhores protocolos oftalmológicos, bem como submissão à realização de vitrectomia nos casos indicados”, disse a Oculare por meio de nota à imprensa.
Indignado com a forma como o mutirão foi organizando e alegando fins político-partidários, a chapa do MDB derrota nas urnas entrou com uma ação na Justiça Eleitoral denunciando o adversário por abuso de poder econômico, tendo em vista que as cirurgias foram realizadas de forma apressada e improvisada, num local sem as condições adequadas, apenas uma semana antes do pleito.
Parte dos oito pacientes que perderam a visão terá que remover o globo ocular num processo cirúrgico complementar. Todos eles estão sendo assistidos no Hospital Onofre Lopes, em Natal, uma unidade de referência no estado.
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